Cerca de 36% das empresas familiares são dirigidas por herdeiros – filhos(as) ou primos(as), e 12% são comandadas por neto(a/s) dos fundadores. A soma desses equivale a quase metade (48%) das empresas deste ramo. A outra metade é comandada pelos próprios fundadores (43%), e outros (9%). Os dados são da pesquisa publicada em abril deste ano realizada pelas empresas Grant Thornton , BTG Pactual e Ricca Associados , além da plataforma FBFE (Fórum Brasileiro da Família Empresária).
O levantamento entrevistou 162 representantes de empresas familiares brasileiras para analisar três aspectos – Cultura Organizacional, Criação de valor a partir das práticas ESG e da inovação, e Desafios atuais e futuros.
De acordo com os dados, mais da metade dos grupos empresariais (61%) possuem 3 ou mais membros da família na atual gestão, sendo esses 30% com 3 pessoas, 12% com 4, 6% com 5 e 13% com mais de 5.
Dentre os atuais gestores, os perfis de cada também foram abordados pela pesquisa. Em questão de gênero, a maior parte dos CEOs e Presidentes são homens (89%) e somente 11% são mulheres. Em mais da metade dos casos (55%) a pessoa que fundou a empresa não a comanda atualmente, porém em 62,5% dos casos o fundador continua atuando na empresa. Contudo, as pessoas que sucederam os fundadores nos cargos de comando são em grande maioria (76%) membros da família do mesmo.
A advogada Monique Bogado, especializada na área societária, Governança Corporativa e familiar, explica a importância da “sucessão planejada” para as empresas familiares.
O que é uma sucessão planejada para uma empresa familiar?
A sucessão planejada em uma empresa familiar refere-se à preparação cuidadosa e estratégica para a transferência de liderança e propriedade de uma geração para a próxima. Isso envolve identificar sucessores, desenvolver suas habilidades, criar planos de transição e garantir a continuidade bem-sucedida do negócio. Essa abordagem ajuda a minimizar conflitos e a assegurar a estabilidade da empresa ao longo do tempo.
Qual a sua importância?
A sucessão planejada é crucial para a sobrevivência de empresas familiares, pois ajuda a evitar interrupções no funcionamento do negócio durante a transição de liderança. Ao preparar sucessores, identificar talentos e desenvolver planos de contingência, a empresa pode enfrentar desafios de forma mais eficaz, mantendo a continuidade operacional e a estabilidade financeira. Além disso, a sucessão bem planejada contribui para a preservação da cultura corporativa e dos valores familiares, promovendo uma transição suave e bem-sucedida.
Cite dez passos para realizar de forma eficiente a sucessão em negócios familiares.
1. Planejamento Antecipado: • Inicie o processo de sucessão com antecedência, permitindo tempo suficiente para identificar e desenvolver os sucessores adequados.
2. Comunicação Transparente: • Estabeleça uma comunicação aberta e transparente com os membros da família e funcionários, explicando claramente os planos de sucessão para evitar mal-entendidos e resistência.
3. Desenvolvimento de Talentos: • Invista no desenvolvimento profissional e pessoal dos sucessores, oferecendo treinamentos, mentorias e oportunidades para que adquiram as habilidades necessárias para liderar a empresa.
4. Plano de Transição Detalhado: • Elabore um plano de transição detalhado, abordando aspectos como transferência de responsabilidades, gestão de ativos e mudanças na estrutura organizacional, garantindo uma passagem suave e eficiente.
5. Profissionalização da Gestão: • Considere a possibilidade de profissionalizar a gestão, envolvendo profissionais externos qualificados, se necessário, para trazer experiência e objetividade ao processo de sucessão, equilibrando interesses familiares e empresariais.
6. Avaliação Imparcial: • Realize avaliações objetivas das habilidades e competências dos potenciais sucessores, garantindo que as decisões de sucessão se baseiem no mérito e na adequação ao papel, em vez de preferências familiares.
7. Planejamento Financeiro: • Considere a questão financeira, assegurando que a sucessão seja acompanhada de uma estratégia financeira sólida para garantir a estabilidade econômica da empresa durante a transição.
8. Governança Corporativa: • Estabeleça práticas de governança corporativa eficazes, como a criação de conselhos consultivos ou conselhos de família, para fornecer orientação e estrutura durante o processo de sucessão.
9. Teste de Resiliência: • Exponha os sucessores a desafios e situações adversas para avaliar sua resiliência e capacidade de tomar decisões sob pressão, preparando-os para os desafios que podem surgir no comando da empresa.
10. Avaliação Contínua: • Mantenha um processo de avaliação contínua do plano de sucessão, adaptando-o conforme necessário em resposta a mudanças internas ou externas, garantindo sua relevância ao longo do tempo.