O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse esperar que o ex-juiz Sérgio Moro (União Brasil) tenha o “direito de defesa e a presunção de inocência” ao ser julgado por sua condução na extinta Operação Lava Jato, em que o petista foi condenado a 12 anos e 1 mês de prisão. Nesta segunda-feira, 23, o juiz Charles Renaud Frazão de Morais, da 2ª Vara Federal Cível da Justiça Federal do Distrito Federal, recebeu uma ação popular impetrada por deputados do PT contra Moro cobrando indenização aos cofres públicos. O ex-ministro chamou o processo de “risível”.
“O que eu quero que aconteça com o Moro é o que eu quero que aconteça com qualquer um desse País: que ele tenha um julgamento decente, digno, respeitoso e com direito a presunção de inocência, que eles possam provar as coisas que eles fizeram e o que não fizeram”, disse Lula nesta terça-feira, 24, em entrevista à Rádio Mais Brasil News. “Que ele tenha o direito de defesa e a presunção de inocência que eu não tive com ele.”
Lula ainda defendeu que o ex-juiz cometeu um “crime” com a condução da Lava Jato. “Os prejuízos que esse País teve com o carnaval que Moro protocolou foi muito grande”, disse. Para o petista, o dinheiro direcionado para a investigação deveria ter sido investido em políticas públicas. O pré-candidato do PT ainda citou as consequências voltadas à Petrobras como, segundo ele, o prejuízo para a imagem da empresa e a demissão de funcionários.
Lava Jato
A Petrobras esteve no centro da Lava Jato, que levou o ex-presidente à prisão em 2018. O esquema bilionário de corrupção na estatal, chamado de Petrolão, envolvia, segundo as investigações, cobrança de propina de grandes empreiteiras do País, lavagem de dinheiro e superfaturamento de obras, com o objetivo de abastecer políticos, partidos, além de servidores da Petrobras, durante os governos petistas.
Em julho de 2017, Lula foi condenado pelo ex-juiz Sérgio Moro a nove anos e seis meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Depois de seis meses, o petista teve sua pena aumentada para 12 anos e 1 mês em regime fechado pelos desembargadores do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4) pelos mesmos crimes. Essas condenações impediram a candidatura do ex-presidente nas eleições de 2018, vencidas por Jair Bolsonaro (PL). Bolsonaro venceu e Moro fez parte do ministério do atual presidente.
Parcialidade
Em abril de 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou todos os processos de Lula na Lava Jato após decidir que Sérgio Moro foi parcial na condução das ações, deixando o caminho livre para a candidatura à Presidência neste ano. O petista ficou preso por 580 dias na carceragem da Polícia Federal em Curitiba entre abril de 2018 e novembro de 2019.
Em abril deste ano, o Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas afirmou que Moro foi parcial ao julgar os processos contra Lula durante a Operação Lava Jato. O órgão também entendeu que o petista teve seus direitos políticos violados ao ser impedido de participar das eleições presidenciais em 2018.