Estabilidade. Substantivo feminino. ¹Qualidade de estável. ²Firmeza, solidez, imobilidade. O que ajuda a um barco navegar e o que faltava no Bahia. Nos últimos quatro anos, sete técnicos passaram pelo Bahia. Rogério Ceni é o oitavo da lista. Cargo de maior pressão do futebol brasileiro, os professores enfrentam muita instabilidade e impaciência por parte da torcida e da imprensa, que, por vezes, pede por mudança.
Em comparação ao tempo de trabalho do técnico mais longevo do Brasil, o português Abel Ferreira, do Palmeiras, no mesmo período o Bahia teve, em sua área técnica, os seguintes treinadores: Mano Menezes, Dado Cavalcanti, Diego Dabove, Guto Ferreira, Enderson Moreira, Eduardo Barroca e Renato Paiva, além do interino Bruno Lopes, que dirigiu o clube em um jogo.
Mano Menezes teve 100 dias de trabalho (24 jogos), com média de 1,08 pontos por jogo. Dado ficou por 237 dias e 53 jogos, com médias de 1,51 pontos por jogo. Dabove durou 44 dias (6 jogos), com 0,83 ponto por jogo. Guto permaneceu por 261 dias (49 jogos), conquistando 1,51 pontos por jogo. Enderson ficou no Bahia por 92 dias (18 jogos), conquistando 1,33 pontos por jogo. Barroca ficou por 64 dias (6 jogos), com médias de 1,67 pontos conquistados. Paiva foi mantido por 248 dias (51 jogos), com 1,49 pontos por jogo. No total, foram sete treinadores em 982 dias e 207 jogos, dando uma média de um novo treinador a cada 29,5 jogos.
Treinadores do Bahia pré-Ceni. Foto: Divulgação / EC Bahia.
Ceni chegou em setembro de 2023 e até o fim de seu atual contrato, em dezembro de 2025, ele irá completar 844 dias como técnico do Bahia, tornando-se o mais longevo desde Evaristo de Macedo entre 2000 a 2002, quando ficou por 688 dias no cargo.
Fotos: EC Bahia / Divulgação.
Com a chegada do Grupo City para gerir o futebol do clube, o Bahia optou por ir na contramão dos últimos anos, oferecendo, assim, estabilidade aos treinadores do clube. Foi assim com Paiva, que pediu demissão, e é assim com Rogério Ceni, que seguirá no clube por um tempo.
Em entrevista ao GE, o espanhol Ferran Soriano destacou a falta de paciência do Brasil com o desenvolvimento do trabalho dos treinadores e confirmou a manutenção de Rogério no comando técnico do clube, mesmo com o ex-goleiro passando por um momento de pressão.
“Uma das coisas que falta [ao futebol brasileiro] é paciência. Se não me lembro mal, 14 técnicos foram trocados no Brasileirão deste ano. É impossível. E eu sei, vocês sabem, todo mundo sabe que dar para alguém um trabalho difícil de liderança de um grupo e trocar após perder três jogos é uma ideia ruim. E isso acontece mais no Brasil do que deveria, eu acho. Acontece mais na Itália também. O ranking é Brasil, depois a Itália, depois a Espanha e na Inglaterra acontece pouco. No meu tempo no Manchester City a gente teve dois técnicos. E é assim que pode ser feito um projeto a longo prazo. Uma coisa que acho que deveria mudar no futebol brasileiro é a paciência com o técnico. O técnico precisa de tempo para trabalhar”, declarou.
“Posso dizer que o nível de sofisticação e de trabalho do Rogério é do mesmo nível do Pep Guardiola. Então, estamos contentes, ele fica, fica agora e ficará a próxima temporada com certeza. E, em geral, eu não acho que você vê o resultado de um técnico trabalhando bem depois de um ano e meio, dois anos”, finalizou.
Estabilidade não dá certeza de que um barco andará, pois às vezes falta combustível, entretanto, dá a garantia de que o barco não afundará.
Pelo Bahia, Ceni tem 40 triunfos, 10 empates e 27 derrotas em 426 dias e 77 jogos. Tem uma média de 1,7 gols marcados e 1,69 pontos conquistados por jogo. Na lista dos dez mais longevos do clube, ele ocupa a sexta posição, atrás de nomes como Roger Machado (519 dias), Joel Santana (548 dias), Evaristo de Macedo (688 dias), Candinho (729 dias e Paulo Amaral (730 dias).
Rogério Ceni e seus comandados agora se preparam para mais um desafio no Brasileirão 2024. Neste sábado (9), o Bahia encara o Juventude, às 19h, no Alfredo Jaconi, em partida válida pela 33ª rodada do Brasileirão 2024.