Empresário ligado ao agronegócio, o vereador Sandro Fantinel, que teve falas xenofóbicas contra os baianos que foram vítimas de trabalho análogo à escravidão no Rio Grande do Sul, foi eleito em 2020, com 1.756 votos pela cidade de Caxias do Sul. Apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro, o político foi expulso do partido nesta quarta-feira (1º), e será investigado por racismo pela Polícia Civil da cidade.
Gaúcho nascido em Fazenda Souza, ele define o “Escola Sem Partido” como um dos objetivos de seu mandato como vereador de Caxias do Sul (RS).
Nas redes sociais, tem fotos com o ex-presidente Jair Bolsonaro, e posa com um fuzil. Em 2018, criou a Comissão Pró-Bolsonaro, um grupo de apoio à candidatura do ex-capitão formado por empresários de direita.
No último dia 2 de novembro, Fantinel publicou uma foto em manifestação antidemocrática em frente à sede do Exército de Caxias do Sul. O vereador também já enfrentou um processo na Comissão de Ética Parlamentar (CEP) após ter criticado a vacinação contra a covid-19.
Na época, o vereador foi acusado de contrariar o Código de Ética após acusar parlamentares de coagirem o prefeito de Caxias do Sul, Adiló Didomenico (PSDB), a implantar o “passaporte vacinal”. Os parlamentares apontados assinaram indicação ao Executivo pela adoção da exigência do comprovante de imunização para acesso a estabelecimentos no município. O processo foi arquivado, no entanto.
Em agosto de 2021, atacou a Constituição Federal e debochou da morte do deputado federal e presidente da Assembleia Constituinte, Ulysses Guimarães, em um acidente de helicóptero, em 1992.
“A Constituição Brasileira tem mais emendas do que a própria Constituição. (…) Ela nasceu morta. (…) É sinal de que ela não presta. A saída para o nosso país, infelizmente, é uma nova Assembleia Constituinte, porque com essa Constituição o nosso país está fadado ao colapso. (…) O funcionário público não tem culpa. Ele simplesmente está encaixado no sistema, um sistema que foi criado por corruptos, cujo um deles nem a graça de ser enterrado teve, porque se perdeu no mar, e o tubarão que dele se alimentou deve ter morrido”, disse.
Resposta
Após ser acusado de xenofobia, o vereador disse que ao O Globo que foi mal interpretado.
“Fiz uma fala que foi um pouquinho infeliz. No calor da fala a gente diz coisas que depois se arrepende. Depois, no pequeno expediente, eu disse que eu jamais tenho alguma coisa contra os baianos, inclusive tenho amigos e primos que moram no nordeste, na parte mais norte do país. Não tenho absolutamente nada contra o povo baiano, citei (os baianos) porque estavam envolvidos no processo que está ocorrendo em Bento Gonçalves”.
O vereador disse também que adora “as praias de lá”, da Bahia, e que o “povo de lá é muito querido”, e negou que tenha chamado os baianos de sujo, mas que se referia à falta de limpeza no alojamento que visitou.