Eles são homicidas e traficantes que, em alguns casos, respondem por mais de uma dessas qualificações e ainda fazem parte de facções criminosas que aterrorizam a Bahia. São os 10 mais perigosos da polícia baiana e por isso os mais procurados pela Secretaria de Segurança Pública (SSP/BA). Seus rostos estampam as principais cartas do Baralho do Crime, ferramenta do governo que reúne os homens e mulheres mais violentos do estado com mandados de prisão em aberto.
Segundo a SSP/BA, o Baralho do Crime conta com 350 cartar, das quais têm as fotos dos criminosos exibidas de acordo com o grau de periculosidade apontado pela Polícia Civil, responsável pelas investigações. Às vezes, o procurado por fazer parte de uma organização criminosa participou indiretamente de mais homicídios, de tráfico de armas e de drogas e por isso é considerado um bandido muito perigoso, logo encaixado em uma carta mais alta.
A última atualização da ferramenta foi em dezembro último. E o primeiro do ranking dos 10 mais procurados pelas forças de segurança da Bahia é o traficante Alan Santos Fonseca, conhecido como Júnior Pial ou JP. Ele é representado no Baralho do Crime pela carta “Ás de Paus”, após não retornar ao Conjunto Penal de Lauro de Freitas em julho de 2020, quando foi ser beneficiado por uma saída temporária. Integrante da facção Katiara, ele é investigado por tráfico de drogas e atuante nos bairros de Águas Claras e Valéria, em Salvador, além de Nazaré e Maragogipe, cidades do Recôncavo Baiano.
Júnior Pial e o comparsa, Fernando de Jesus Lima, o Ojuara, foram presos em dezembro de 2014 depois de terem sido apontados como os responsáveis pelos ataques aos ônibus incendiados no bairro de Valéria. Na ocasião, a polícia apurou que os dois comandaram os ataques depois que um comparsa teria sido morto numa troca de tiros com policiais dias antes no bairro. Eles receberam a ordem do líder da Katiara, Adilson Souza Lima, o Roceirinho, que cumpria pena no Complexo Penitenciário da Mata Escura, após ter sido preso 2012 em um hotel de luxo em Ondina, com R$ 168 mil.
Junior Pial é da facção Katiara e ordenou ataques a ônibus no bairro de Valéria (Foto: divulgação) |
A segunda carta mais cobiçada pela polícia baiana é o “Ás de Copas”, que estampa o rosto de Sidmar Soares dos Santos, o Bolota. Ele entrou no baralho desde junho de 2019, passado a ser procurado por tráfico de drogas e de armas, além de homicídios. De acordo com as investigações, Bolota atua no município de Jequié e outras cidades da região sul do estado. Uma de suas condenações, a 18 anos de prisão, foi pelo assassinato do comerciante Juvenal Nonato de Oliveira, ocorrido em 17 de maio de 2009. A vítima foi morta por engano quando voltava de uma montaria em Itabuna.
Apelidado de Gordo Paloso, Manoaldo Falcão Costa Júnior é o “Rei de Paus”, a terceira carta mais importante do jogo da SSP/BA no combate à criminalidade no estado. Ele também entrou no baralho em junho de 2019, após a Justiça expedir mandados de prisão por homicídio e tráfico de drogas por crimes cometidos em Itabuna. Em junho de 2010, Gordo Paloso foi preso junto com uma mulher – o casal estava com certa quantidade de drogas. Na ocasião, ele era procurado por fazer ameaças a um policial.
Reincidente também na ferramenta, Celso Gomes Carvalho Filho, o Pito, integra, pela segunda vez, à ferramenta, após a primeira inserção em abril de 2017 como o “Cinco de Espadas”. Com mandados de prisão vigentes em agosto de 2020 por homicídio e tráfico de drogas, Pito ocupa hoje uma carta mais forte: “Às de Ouros”. Isso se deve pelo seu envolvimento com a facção que atua no bairro de Pernambués – a região vive hoje uma guerra entre o Bonde do Maluco (BDM), que vem resistindo a ofensiva do Comando Vermelho (CV) do complexo do Nordeste de Amaralina.
O “Rei de Copas” está foragido desde agostos de 2021. O traficante Edson Silva de Santana, o Jegue, chegou a ser preso numa operação em abril de 2018 na megaoperação Cangalha da Polícia Civil que resultou na detenção de 13 pessoas nos estados da Bahia, São Paulo e Sergipe. Ele e o comparsa, Cléber Santos da Silva, o Kel, foram surpreendidos em seus apartamentos no Morumbi, quando Kel estava a caminho do próprio casamento. Os dois baianos eram líderes de um braço do BDM na capital paulistana, que também ordenava de lá as ações em Salvador e nos municípios baianos de Simões Filhos, São Sebastião do Passé, Cruz das Almas e Ubaíra.
Bolota, Gordo Paloso e Jegue formam o trio dos bandidos mais perigosos na Bahia (Foto: divulgação) |
Irmãos
Se o personagem dos quadrinhos e do cinema é um herói, o da vida real (baiano) é totalmente o oposto. Na sexta posição da lista dos procurados pela SSP/BA está o Wolverine, apelido do traficante Daniel dos Santos Silva. Ele é o “Valete de Copas” e está há quatro anos no baralho. Conhecido também como Vovô Urso, o criminoso é procurado por homicídio em Lauro de Freitas e Mata de São João.
Ainda sobre o naipe de “Copas”, a carta de número “Oito” é o Ronaldo Santos Carvalho, conhecido como Nal ou Nado. O bandido possui mandado de prisão por organização criminosa e tráfico de drogas. De acordo com a denúncia do Ministério Público da Bahia (MP/BA), Ronaldo atua com o irmão, o também traficante Pito, que é o Rei de Ouros no Baralho do Crime. Nal e outros dois comparsas foram surpreendidos pela polícia em Pernambués.
Constam também na lista dos criminosos mais perigosos da Bahia, o traficante Fábio dos Santos Nascimento, o Fabão ou Jiboia, o “Oito de Espadas”, que atua nos bairros de Vila Canária, Castelo Branco e Valéria; o “Três de Paus”, Adeilton dos Santos Souza, conhecido como Adeilton Negrão, Jogador ou Samurai, procurado por homicídio em Feira de Santana; e Pablo Carvalho dos Santos, apelidado de Messi ou Camisa 10, procurado pela polícia por tráfico de drogas no bairro de Brotas.
Os irmãos Nal e Pito são unidos também na bandidagem e estão no Baralho do Crime (Foto: divulgação) |
Polícia Civil
Em relação aos bandidos procurados, a Polícia Civil informou que realiza constantes operações para cumprir mandados de prisão de suspeitos de crimes contra a vida, contra o patrimônio e tráfico de drogas, a exemplo da Unum Corpus, que retirou de circulação 121 criminosos, apenas durante a 7ª fase da ação, realizada no dia 30 de novembro do ano passado em centenas de municípios da Bahia.
“Diligências em campo, ações estratégicas e de inteligência, com o uso de ferramentas tecnológicas de domínio policial são empregadas e alinhadas com o Poder Judiciário, até a deflagração das operações”, diz nota enviada ao CORREIO. A PC disse ainda que não disponibiliza recorte mensal de prisões de procurados.
Mais de 300 criminosos no Baralho do Crime já foram capturados
Desde a sua implantação em 2011, o Baralho do Crime teve mais 300 cartas atualizadas – 152 foragidos acabaram presos, 64 mortos e 92 foram retirados. Segundo a SSP/BA, as fotos dos criminosos são exibidas nas cartas de acordo com o grau de periculosidade apontado pela Polícia Civil.
A carta mais recente inserida ao Baralho do Crime é o “Quatro de Copas”, Pablo Ricardo de Assis Gomes Oliveira, o Pablo ou Escobar, no último mês de dezembro.
Pablo tem mandado de prisão pelos crimes de organização criminosa e tráfico de drogas. Sua área de atuação é no bairro de Valéria, em Salvador, nas localidades conhecidas como Penacho Verde, Rua das Palmeiras, Lagoa da Paixão e B13.
De acordo com as investigações do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Policia Civil, ele também é apontado como autor e mandante de diversos homicídios que aconteceram no bairro nos últimos anos, e foi um dos principais alvos da Operação Araitak, deflagrada pelo DHPP, em setembro deste ano.
Pablo, o “Quatro de Copas”, é o bandido mais recente acrescentado ao Baralho do Crime (Foto: divulgação) |
A população pode conferir as 52 cartas do Baralho do Crime, através do site disquedenuncia.com. Quem reconhecer e tiver informações sobre os procurados pode entrar em contato com o Disque Denúncia por meio do número 181. O denunciante não precisa se identificar.
Veja a relação dos 10 mais procurados pela SSP/BA
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