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O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) reviveu, hoje, seus melhores dias de moleque do bairro do Campo da Pólvora, em Salvador, ao xingar e ameaçar bater no seu colega Almeida Lima, do PDT de Sergipe.
Os dois se desentenderam porque Almeida Lima criticou o senador José Sarney (MDB-AP) e Antonio Carlos saiu em defesa dele.
O Senado vive uma jornada de vergonha – ou de falta dela – desde ontem à noite.
Primeiro, aprovou para ministro do Tribunal de Contas da União o nome de um senador investigado pelo desaparecimento de R$ 13 milhões emprestados pelo BNDES a uma empresa dirigida por ele no Pará.
Segundo, violentou seu próprio regimento para votar às pressas a emenda à Constituição que recupera 40% das 8.528 vagas de vereadores cortadas em todo o país pela Justiça Eleitoral.
Manda o regimento que transcorram 15 dias úteis para aprovação de emenda em dois turnos pelo plenário. E que sejam realizadas cinco sessões a contar da publicação da emenda no Diário Oficial.
A emenda foi publicada ontem. Ontem mesmo à noite, o Senado abriu e encerrou sessões com intervalos de um ou dois minutos para cumprir a cota das cinco sessões. Uma fraude.
O tempo fechou quando o senador Jefferson Perez (PDT-AM) denunciou o que os outros senadores fingiam não ver.
Almeida Lima apoiou Perez. Sarney foi obrigado a se defender na tribuna. Antonio Carlos atacou Almeida Lima e baixou o nível. Gabou-se até da própria virilidade.
A pressa do Senado em aprovar a emenda tem a ver com as convenções partidárias que indicarão os candidatos às eleições municipais de outubro. Elas têm de ocorrer até o fim de junho.
Antonio Carlos vem pouco a pouco perdendo o juízo político desde que morreu seu filho, o talentoso e civilizado deputado Luiz Eduardo Magalhães. E desde que o Viagra foi posto à venda.