InícioEditorialSaída do Ilê, no Curuzu, emociona e contagia mais que o desfile

Saída do Ilê, no Curuzu, emociona e contagia mais que o desfile

O aperto – chamemos de muvuca mesmo, para sermos mais claros – pode assustar quem vai pela primeira vez assistir à saída do Ilê, como foi o caso deste repórter. A briga por um espaço na Ladeira do Curuzu deve ter uma concorrência dez vezes maior que a disputa por uma vaga em medicina na Ufba. E tenha certeza: não é exagero.

Mas, afinal, o que há de tão mágico naquele ritual que precede o Carnaval do Ilê Aiyê e que parece despertar muito mais interesse até que o próprio desfile do bloco no Campo Grande? Uns dizem que vão por causa da religiosidade, já que naquela noite alguns rituais do candomblé são apresentados. Outros, para testemunhar aquela emocionante manifestação cultural. E, sem nenhuma culpa, tem também os que assumem que querem mesmo um pretexto para tomar uma cerveja com os amigos.

A enfermeira Aline Soares, que é candomblecista, comprou a fantasia que dá direito a sair no bloco. Mas, para ela, não basta a folia na avenida. E, além de participar da saída no Curuzu, o preparo começa em casa, desde cedo: “Antes de sair de casa, durante o dia, tomo um banho de folha, para pedir proteção e  para pedir licença à rua, já que iremos passar por ela”. Mas não é só proteção que Aline quer: “Também tomo um banho de cravo e canela. Pra ver se arrumo um ‘crush’, né?”, brinca.

Logo depois, passam pessoas com cestos repletos de milhos brancos, que são lançados em direção ao público. Volta e meia, alguém grita “Cuidado com os olhos!”, sugerindo que as pessoas tomem cuidado para que suas vistas não sejam atingidas pelos milhos. Um banho de pipoca também compõe a bênção. Mas o momento que mais pareceu emocionar o público foi a revoada de pombas brancas, que anunciou a saída da Rainha do Ilê, a Deusa do Ébano.

A eleita deste ano é Dalila Santos Oliveira, de 20 anos. Dançarina e coreógrafa, Dalila concorreu para ser Deusa do Ébano pela primeira vez. Quando soube que havia vencido o concurso, Dalila disse ao site iBahia que, quando criança não se aceitava e não achava seu cabelo bonito. “Eu usava umas trancinhas e essas trancinhas eram como um escudo pra mim, eu via como se eu tivesse um cabelo liso e eu via como se pudesse balançar meu cabelo, porque, para mim, o meu cabelo crespo não podia balançar e era um cabelo feio para mim”.

Na Liberdade, é apenas o começo de uma festa que comçe por volta das 21h do sábado e vai até o amanhecer do domingo. No total, são mais de dez horas. Do Curuzu, o bloco vai até o Plano Inclinado Liberdade-Calçada. Dali, os foliões pegam um carro – ônibus ou aplicativo – até o Campo Grande para, finalmente, seguirem o percurso na Rua Carlos Gomes. 

Mas, se você pretende cumprir todo o rital, desde o encontro no Curuzu até o fim do desfile, é preciso muita disposição, afinal são quase 12 horas de festa no total. O repórter confessa: não teve esse pique, quando notou que até 3h da manhã o bloco não havia sequer saído. 

Testemunhou apenas a concentração no Curuzu, o que já é um belo espetáculo. Lembremos também claro, que lá tem a parte musical, com os clássicos do Ilê sendo acompanhados pela sua contagiante percussão. Claro que, enquanto você sobe a Ladeira do Curuzu, a banda toca “Quem é que sobe a Ladeiraaaa…. Do Curuzu?”, verso da inesquecível O Mais Belo dos Belos, composição de Guiguio e Valter Farias. 

O Correio Folia tem patrocínio da Clínica Delfin, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador e apoio da Jotagê e AJL.

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