InícioEditorialSem música de Luiz Gonzaga, não existe São João

Sem música de Luiz Gonzaga, não existe São João

Apesar de sentir saudades do São João de minha infância e adolescência quando eu passava ou em Simão Dias (interior de Sergipe), cidade natal de minha mãe Dona Bené ou em Serrinha de meu pai seu Odilon, um filho de índio, pelo menos tenho um consolo. Com todas as mudanças ocorridas nas festas juninas com a “invasão” de outros ritmos que não o forró tradicional, pelo menos há um consenso: no repertório de cantores de axé, pagode, piseiro, sertanejo e sofrência tem que ter uma música de Luiz Gonzaga (1912-1989).

É impossível desassociar o rei do Baião dos festejos juninos. Gonzagão compôs obras primas como Asa Branca, Olha pro ceú meu amor, Forró de cabo a rabo, Dança do cossaco e por aí vai. Tem outras músicas marcantes de nomes como Trio Nordestino, Jackson do Pandeiro, Dominguinhos entre outros. Não tocá-las já é uma blasfêmia. Mas esquecer Gonzagão é imperdoável.

Nesse quesito os baianos Adelmário Coelho, Del Feliz, Virgilio, Carlos Pitta Flor Serena, Quininho de Valente nunca esqueceram do Rei do Baião. Por isso que eles, hoje em dia, são disputados pelas prefeituras que não abrem mão da presença deles nos festejos juninos. Todos com agenda cheia. O saudoso Zelito Miranda também jamais esqueceu do velho Lua como era chamado Gonzagão.

Eu confesso que tenho uma frustração como jornalista: nunca entrevistei Gonzagão. Do mesmo jeito que também não entrevistei Caymmi e Jorge Amado. Nascido na cidade de Exu (Pernambuco) em 13 de dezembro de 1912, Luiz Gonzaga conquistou o Brasil com seus xotes, xaxados e baiões sempre acompanhado de sua sanfona zabumba e triângulo.

Ele ganhou notoriedade com Asa Branca, um clássico da música brasileira e influenciou outros artistas da MPB como Caetano Veloso e Gilberto Gil que o trouxeram de volta à cena musical num momento em que ele estava em baixa. Luiz Gonzaga morreu em 2 de agosto de 1989, em Recife.

O Dia Nacional do Forró é comemorado em 13 de dezembro. A data escolhida faz referência ao nascimento do seu principal representante, o cantor, compositor e sanfoneiro Luiz Gonzaga. Foi decretada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo então  Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva  pela Lei Nº 11.176, de 6 de setembro de 2005 , a partir de sugestão da então deputada federal Luiza Erundina.

A importância de Luiz Gonzaga  é tamanha que existe o  Museu de Gonzagão dedicado à vida e à carreira dele. Está localizado em Exu, sua cidade natal, no Parque Aza Branca, em Pernambuco. O museu tem a maior coleção de peças originais do músico, conhecido como “Rei do Baião. Mesmo sabendo de sua importância e do reconhecimento de seu trabalho, Gonzagão  nunca escondeu que tudo que ele alcançou na vida deve-se ao seu pai Januário. Inclusive tem uma música que ele compôs e que falava nisso: Luiz respeita Januário.

Outra passagem em sua vida foi o relacionamento tumultuado com o filho Gonzaguinha. Até que eles se reconciliaram e gravaram Vida de viajante. “Minha vida é andar por esse país”. Como qualquer ser humano normal, Gonzagão não foi perfeito. Afinal ninguém é. Mas isso nunca diminuiu o valor de sua obra que permanece viva até hoje.

 Mesmo com a “rixa” entre pernambucanos e baianos, Gonzagão sempre teve uma ligação muito forte com a Bahia e fazia muitos shows no estado. Certa vez, em 1988, chegou a declarar que o baiano Lindu, o cantor da primeira formação do Trio Nordestino cantava melhor do que ele. Uma vez o cantor e compositor Carlos Pita também me falou “que nunca houve um cantor de forró como Lindu”.

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