Com uma ligeira vantagem nas pesquisas, o candidato do Republicanos ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, decidiu se recolher na reta final da campanha para evitar qualquer derrapada que ameace seu favoritismo sobre o adversário Fernando Haddad (PT) nas urnas no próximo domingo (30/10).
O ex-ministro bolsonarista abriu mão de comícios e passeatas nos próximos três dias para se dedicar à preparação para o debate da TV Globo, na noite desta quinta-feira (27/10), o último confronto direto entre os dois candidatos a governador, e para uma sabatina no SBT na sexta-feira (28/10).
Tarcísio sabe que seu adversário apostará todas as fichas no embate televisivo para tentar virar o jogo. Ao contrário do presidente Jair Bolsonaro, seu padrinho político, o ex-ministro cancelou a participação em dois debates e uma sabatina neste segundo turno para não se expor tanto a ataques e tropeços.
Com uma campanha mais conservadora, que repisa propostas mais genéricas e explora o antipetismo na propaganda no rádio e na TV, Tarcísio adotou a máxima futebolística de que “time que está ganhando não se mexe”. Passou a repetir discursos nas agendas externas, como em igrejas evangélicas, e fugir das perguntas incômodas dos jornalistas.
Os fatos novos da semana, porém, tiraram da zona de conforto o candidato que já é tratado como o “novo governador” pelos aliados, que só cresceram desde o início do segundo turno.
Tarcísio foi instado a se manifestar sobre os tiros e granadas disparados pelo ex-deputado e aliado Roberto Jefferson (PTB) contra agentes da Polícia Federal que foram cumprir um mandato de prisão na casa dele no último domingo (23/10) e sobre o áudio em que um integrante de sua equipe aparece mandando um cinegrafista apagar imagens do tiroteio que interrompeu a agenda dele na favela de Paraisópolis, na semana passada.
Na terça-feira (25/10), a campanha do ex-ministro bolsonarista acendeu o sinal de alerta com a divulgação da útima pesquisa do Ipec, que mostrou um cenário de empate técnico. Segundo o levantamento, Tarcísio tem 52% dos votos válidos contra 48% de Haddad.
Embora acreditem que uma virada agora seja quase impossível — Tarcísio venceu o primeiro turno com 7 pontos de vantagem sobre Haddad e ainda recebeu o apoio do governador e terceiro colocado Rodrigo Garcia (PSDB) –, aliados do ex-ministro querem evitar que o indisfarçável clima de já ganhou atrapalha a campanha a poucos dias do pleito. A ordem é pedir votos e não falar em partilha de cargos.