A terceira edição da Taça das Favelas São Paulo, organizada pela Central Única das Favelas (Cufa), começa no próximo sábado (1º) no Centro Esportivo Vila Manchester, zona leste paulistana. Os jogos de futebol seguem até novembro, e a final deve ser disputada na Neo Química Arena, estádio do Corinthians.
O torneio já teve neste ano uma Série B na categoria masculina. A disputa prévia classificou os times de 16 favelas, que vão se juntar às equipes da elite do torneio, totalizando mais de 100 favelas do estado nas categorias masculina e feminina.
Notícias relacionadas:
- Dia da Favela: Cufa pede reflexão sobre potencial das comunidades.
“A gente sabia que São Paulo, como a periferia é muito grande, a quantidade de times seria muito grande e a pressão seria maior. A gente está hoje na terceira edição. [A competição] cresce a cada ano e neste ano estamos fazendo em 28 cidades. A Taça das Favelas de São Paulo passa a ser muito imponente porque ela não somente acontece na cidade de São Paulo, mas você vai ter a junção das cidades como Sorocaba, Santos, São Vicente e tantas outras”, disse Celso Athayde, fundador da Cufa, em entrevista à TV Brasil.
Torneio
O campeonato de futebol começou em 2019 na cidade de São Paulo e a final lotou o estádio do Pacaembu. Na ocasião, os jovens do Parque Santo Antônio foram os campeões da competição masculina e na modalidade feminina o título ficou com o Complexo da Casa Verde.
Em 2020 e 2021, a Taça das Favelas foi suspensa por causa da pandemia de covid-19. O campeonato voltou em 2022 com os jogos em campos cedidos pela Prefeitura de São Paulo e a grande final em Barueri.
No feminino, o atual campeão é o time da favela de Paraisópolis, da zona sul da capital paulista. Entre os homens, o título de 2022 ficou com o time do Jardim Ibirapuera, também da zona sul.
Arnaldo Moura, conhecido como Pastel, foi o técnico do Jardim Ibirapuera e também campeão do Favelão – equivalente a um Campeonato Brasileiro entre favelas – no ano passado pela seleção paulista.
“É um campeonato muito difícil, mas agregou visibilidade para a nossa comunidade. Eu tenho um projeto social há 25 anos lá. Eu tinha 100 moleques, hoje tenho 250. O pessoal fala: ‘Você colocou Jardim Ibirapuera no mapa do mundo’. Foi um fato que, para a comunidade, foi excelente.”
Oportunidade
Na última edição do campeonato, Raíssa Lima jogou como zagueira do time da Favela do Campanário, de Diadema, cidade da Grande São Paulo. Ela conta que participar do torneio abriu portas e a ajudou a conquistar uma bolsa de estudos para a faculdade nos Estados Unidos.
“Acho que se não fosse a Taça das Favelas em 2019 eu não teria ido para o Palmeiras, e a visibilidade foi muito grande. Com o futebol, eu consegui coisas incríveis, até a bolsa da faculdade foi graças ao futebol. A primeira vez que viajei de avião, que eu conheci outra cidade, o primeiro salário… tudo foi o futebol. O futebol me proporcionou coisas muito grandes”, conta a jogadora.
*Com colaboração do repórter Lincoln Chaves.