A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse terça-feira (30/5) que o Banco Central (BC) tem condições de cortar os juros a partir de agosto deste ano, em função de fatores macroecômicos internos que classificou como “positivos”. Ela citou, por exemplo, estimativas de queda de inflação e de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).
PIB em 1,91% e inflação em alta: novas projeções do governo para 2023
“Diante de todos esses cenários, a gente tem expectativa – muito mais do que falar em meta de inflação – é de que o Banco Central no segundo semestre comece a baixar os juros”, disse a ministra no debate on-line da série “E agora, Brasil?”, organizado pelos jornais O Globo e Valor Econômico, com patrocínio do Sistema Comércio através da CNC, do Sesc, do Senac e de suas federações.
“Se não dá para baixar juros, dá para sinalizar”, completou ela, afirmando ser possível uma indicação de queda nos juros na ata ou no comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom), órgão do BC responsável por definir a taxa básica de juros da economia, a Selic.
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Simone TebetEdilson Rodrigues/Agência Senado
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Simone TebetEdilson Rodrigues/Agência Senado
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Simone Tebet, ministra do Planejamento e OrçamentoEdilson Rodrigues/Agência Senado
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Simone TebetEdilson Rodrigues/Agência Senado
Tebet completou dizendo que, quando Copom aumentou a Selic para 13,75% ao ano, o cenário era muito diferente.
“Estávamos no meio de uma pandemia, um desgoverno que não tinha responsabilidade fiscal, que não tinha compromissos, não sabia nem para onde ir, porque não tinha Ministério do Planejamento”, criticou.
O secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, indicado à Diretoria de Política Monetária do BC, também participou do debate.
A próxima reunião do Copom ocorrerá em 20 e 21 de junho. Em seguida, em 1º e 2 de agosto. O mercado financeiro projeta que a Selic encerre 2023 em 12,5% ao ano, mas que o corte demore a vir.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem criticado constantemente a taxa de juros da economia brasileira. Em discurso no encerramento de um seminário promovido pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na última quinta-feira (25/5), o petista classificou como “excrescência” a Selic nesse patamar.
EntendaA taxa básica de juros é o principal instrumento do BC para controlar a inflação. A Selic é utilizada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas da economia.
Quando o Copom aumenta os juros, o objetivo é conter a demanda aquecida, o que se reflete nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Assim, taxas mais altas também podem conter a atividade econômica.
Ao reduzir a Selic, a tendência é a de que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica.