Primeiro reforço do Vitória para a Série B, o goleiro Thiago Rodrigues chega à Toca do Leão com um pedido: mudança de chave. Para isso, traz como inspiração a campanha que viveu com o Vasco no ano passado. O cruz-maltino fez um início de temporada frustrante, mas se reergueu e garantiu a missão principal: o retorno à elite.
Apresentado nesta quarta-feira (15), o defensor mira um trajeto parecido para o rubro-negro em 2023. Após ser eliminado de forma precoce nas três competições disputadas até aqui – Campeonato Baiano, Copa do Brasil e Copa do Nordeste -, o Vitória passa por um processo de reformulação, de olho na Série B. Thiago Rodrigues não se deixou abater pelo momento turbulento, e se mostrou animado para o início da Segundona.
“Lá no Vasco, no primeiro semestre, a gente pôde ajustar algumas coisas. No segundo semestre a gente conseguiu virar a chave, e entendemos que só a camisa é grande, é pesada. A torcida ajuda muito, mas se a gente não virar a chave, formar o espírito de Série B, competir mesmo, ser mais aguerrido… Tem que virar a chave. Eu identifico que aqui é um grupo muito bom, muito qualificado”, disse.
“Já passei por situações parecidas. Quem joga em time grande está acostumado a isso. Entende o tamanho do clube, dessa camisa. Poxa, nada mais gostoso e gratificante em trazer o sentimento de satisfação para o nosso torcedor, o jogo ganho e a classificação para a Série A garantida”, seguiu.
Titular na campanha do acesso do Vasco no ano passado, Thiago Rodrigues foi um dos destaques da equipe, com grandes atuações principalmente no primeiro turno. Ele oscilou em alguns momentos na reta final da Segundona, mas foi decisivo no jogo do acesso, contra o Ituano, na última rodada, com pelo menos duas defesas importantes. Prestes a iniciar mais uma disputa da segunda divisão, ele vê o Vitória como forte candidato ao G4.
“No ano passado foi a Série B mais concorrida dos últimos anos, com Grêmio, Sport, Cruzeiro, realmente muito grande. Mas isso não muda o cenário atual, a gente vai encarar uma Série B muito forte, com grandes concorrentes, mas o Vitória entra muito forte para poder buscar esse acesso. Temos esse tempo para evoluir, correr atrás como equipe, grupo, estamos no caminho e temos fé e esperança no trabalho que está sendo feito”.
O goleiro relatou o clima dos jogadores na Toca do Leão, após as eliminações na temporada. O defensor reconheceu um abatimento do elenco, mas ressaltou a força de vontade que já viu no time.
“Desde que cheguei, já vi uma reunião entre os atletas. Foi falado que a situação não era o que eles queriam para o clube, desde já houve mobilização contra o Bahia, depois contra o Ceará, a vitória. Isso mostra o perfil desse elenco. Já joguei contra eles e a favor, mas às vezes é isso, não dá liga, as coisas não acontecem. O mais importante é pegar o que foi bom e o que não foi bom, corrigir, evoluir. Fazer ajustes para a Série B e conseguir colocar o Vitória na Série A”, afirmou.
Thiago Rodrigues ainda enalteceu o Vitória, e disse ter aceitado a oferta assim que tomou conhecimento. “Muito feliz e motivado. A proposta é muito boa, o projeto do Vitória. Todo mundo sabe que o Vitória é time de Série A. Então é me preparar pra isso, pra colocar o Vitória de novo na Série A”, falou.
“Vitória é time grande. Clube de Série A. Quando recebi o convite, logo de imediato, aceitei. Na conversa que tive com o presidente, foi falado em fazer parte dessa retomada. Clube por si só, essa camisa, essa torcida, sua história, tudo isso faz esse clube ser grande. Então estou muito motivado para garantir esse acesso ao final do ano”, completou.
Além do Vasco em 2022, Thiago fez boas temporadas com as camisas do CSA, do Paraná e do Figueirense. Ele ainda tem no currículo passagens por equipes como Guarani-SC, Caxias e Rio Branco-PR.
Veja outros trechos da entrevista coletiva de Thiago Rodrigues:
Pronto para estrear?
Eu cheguei para ser contratado no projeto para a Série B, mas teve estadual e a Copa do Nordeste. Então o nosso projeto foi para a Série B mesmo. Tenho uma rotina muito boa de treinamentos em parte física. Agora é só ajustar algumas coisas para o início da Série B.
Recado para torcida
Nosso torcedor pode esperar um grupo forte, espírito para buscar os melhores resultados e colocar ele na Primeira Divisão. Claro que não vai ser fácil, vai ser difícil. Importante nosso torcedor jogar junto, encheu o estádio. Vi matéria ano passado que a torcida lotou o Barradão. O apoio deles, enchendo o Barradão, pode ser o nosso diferencial na Série B. Contamos com nosso torcedor. Dentro de campo, podem ter certeza que vão ter um elenco, um atleta representando vocês com suor e dedicação.
Saída do Vasco
A questão com o Vasco foi burocrática. Tinha um contrato, tinha sido acionado uma renovação, mas questões burocráticas resultaram em minha saída. Mas tenho um carinho grande pela torcida, me recebeu de braços abertos.
Parceria com Lucas Arcanjo
Lucas é um garoto incrível. Eu fui conhecendo ele aos poucos, no nosso dia a dia. Desde que cheguei no clube, a gente tem trocado uns feedbacks. Acho que vai ser uma parceria boa para fazer o meu trabalho e contribuir para o Vitória.
Apelido de Batman
Tem isso de super-herói, né. Eu tive uma lesão no CSA em 2021, que foi uma lesão um pouco mais complexa. Tive que usar essa máscara. Vou continuar usando até o final da carreira, por uma orientação médica. Ano passado a torcida do Vasco acabou me apelidando como Batman. As crianças também abraçaram isso. Foi uma mobilização bem interessante. Tirando isso, é uma recomendação médica, por isso tenho que usar.
Críticas à contratação
Nos últimos três anos de Série B, eu tive duas vezes como melhor goleiro da Série B. No passado, no G-4, eu fui o melhor goleiro. Então eu entendo, respeito as provocações, mas acho que os números dizem por si só. Acho que é criar narrativas, não é que realmente acontece. Existe o que você vê, quem você queria, o que você pontua como narrativa, e realmente o que é a realidade. Dos 53 jogos que teve no Vasco ano passado, eu joguei 50. Sempre regular. Acho que o que me trouxe aqui, o que me fez ter bons resultados nos quatro, cinco anos de carreira, foi a minha regularidade. Ainda mais em um time muito grande. Você tem isso e você consegue jogar 50 jogos.
Recomeço no Vitória?
Acho que não. Aqui não tem terra arrasada. O que fica pra esse primeiro semestre, desse início que não foi tão bom, dá pra ser melhorado. Já conseguimos identificar e eu, na figura de goleiro, de estar vindo como um atleta para somar, eu venho com essa contribuição também. Não tem terra arrasada, porque a gente sabe que tem que ter alguns ajustes. Eu vim pra cá muito motivado, muito confiante. Como cheguei no Vasco ano passado e vim pra cá pra colocar o Vitória na Série A. No Vasco foi a mesma coisa, e eu falei: “Cara, no final de novembro, a gente vai estar comemorando junto aqui”. Claro que não vai ser um ano fácil. Mas tenho certeza que eu, juntamente aos meus companheiros, vamos seguir no nosso trabalho. A gente vai se encontrar na Série A.