InícioNotíciasPolicialToque de recolher em Plataforma deixa quase mil alunos sem aulas

Toque de recolher em Plataforma deixa quase mil alunos sem aulas

Em silêncio completo, sem estudantes ou servidores e com os portões fechados. Assim amanheceu a Escola Municipal Manoel Faustino, no bairro de Plataforma, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, nessa quarta-feira (8). De acordo com a Secretaria Municipal de Educação (Smed), a unidade não abre as portas há dois dias por conta da insegurança registrada no bairro. A mesma situação ocorre na Escola Municipal Úrsula Catharino, que suspendeu as aulas ontem e anteontem. As duas têm cerca de 980 alunos. Os colégios estaduais tiveram pequena presença de estudantes.

A violência é confirmada pelos moradores. “Desde terça-feira tem toque de recolher, tiroteio entre os caras aí. E não é em um só lugar. Aqui no São João o e lá no Marbaço [localidades do bairro] teve tiro por diferentes motivos. Lá foi situação com a polícia e aqui foi essa guerra de sempre entre as facções”, conta um morador, que prefere não se identificar por medo de represálias.

Na noite de ontem, a Secretaria Municipal de Educação ainda não tinha a confirmação se as escolas municipais irão reabrir hoje. Procurada, a Secretaria Estadual de Educação (SEC) não respondeu.

A Polícia Militar intensificou a presença no bairro desde terça-feira, com equipes da 14ª Companhia Independente, por conta do toque de recolher. “Ao chegar à localidade conhecida como Marbaço de Baixo, [os agentes] localizaram um grupo de homens armados que, ao serem surpreendidos, efetuaram disparos de armas de fogo. Houve revide e um indivíduo foi encontrado ferido. Ele foi socorrido”, informou a PM, em nota. No Hospital do Subúrbio, porém, o homem não resistiu aos ferimentos.

O suspeito não teve a identidade revelada. Com ele, foram apreendidos uma pistola, um carregador e seis munições calibre 45 mm, além de 11 porções de maconha, 13 de crack e cinco de cocaína.

Os tiroteios na região não são novidade. De acordo com o Instituto Fogo Cruzado, em 2023, foram registradas quatro ocorrências do tipo em Plataforma. Duas por ações/ operações policiais e duas em disputas entre grupos armados. Ao todo, duas pessoas morreram.

Apesar do cenário, o comércio local parece não ter sido impactado pelo confronto. Padarias, mercados, lojas de material de construção e outros tipos de empreendimentos abriram as portas ao longo dessa quarta-feira (8). A Unidade de Saúde da Família (USF) de Plataforma também funcionou normalmente.

Guerra por território
De acordo com os moradores, os confrontos entre facções criminosas têm aumentado de maneira recente. A área sempre foi de domínio do Bonde do Maluco (BDM), facção criminosa criada na Bahia. Nos últimos meses, no entanto, assim como em outros bairros da capital, há uma tentativa de tomada de domínio por parte do Comando Vermelho (CV), facção criminosa que tenta ampliar a área sob seu comando em território soteropolitano.

A guerra entre os dois grupos tem se agravado, principalmente, por uma mudança de lado de um integrante do BDM, como conta um morador, sem revelar seu nome. “Um dos cabeças [liderança] do Bonde se rebelou, brigou com os antigos parceiros e foi para o ‘Tudo2’ [Comando Vermelho] ser um deles. Aí, já viu, né? Mais um motivo para a disputa crescer e os tiroteios também”, conta ele, ressaltando o ódio que há entre as duas facções. 

Mesmo com dificuldade, quem mora no bairro diz que o CV, aos poucos, consegue avançar e dominar alguns espaços na região. “Antes, aqui era tudo BDM, mas o CV está entrando e fica essa briga aí. Eu não via nenhuma parede com ‘CV-T.2’, mas agora a gente já está vendo. É a briga deles por território mesmo. Como o cara mudou de lado, fortaleceu quem quer pegar a área e os confrontos ficam mais frequentes”, explica um outro morador. 

Confronto antigo
Assim como Plataforma, outros bairros têm registrado momentos de tiroteio e terror por conta da guerra que há entre BDM e CV. Na última sexta-feira (3), dez pessoas foram baleadas durante uma festa tipo paredão, no bairro de Tancredo Neves. O major Luciano, comandante da 23ª Companhia, atribiu a autoria do ataque a Denivaldo Rocha Santos, conhecido como Mancha, líder do tráfico em Sussuarana. 

“Existe um conflito entre grupos criminosos locais. Foram efetuadas algumas prisões no sábado, mas o indivíduo conhecido como Mancha, que provocou esse último incidente, pertence a um grupo criminoso que atua e está disputando o território”, disse o Major Luciano em entrevista à TV Bahia.

Em fevereiro, a localidade de Vila Verde, do bairro de Mussurunga, virou foco de uma disputa violenta por território entre facções. Na ocasião, a Polícia Militar (PM) informou à reportagem que os confrontos começaram após um homem ser morto em Colinas de Mussurunga. Depois disso, foram três dias de confronto e toque recolher para moradores da região. 

Os números do Instituto Fogo Cruzado dão luz a guerra que há na região. Desde quando o Instituto começou a mapear tiros, no meio de 2023, houve dez tiroteios em Vila Verde e Colinas de Mussurunga. Desses, quatro aconteceram entre julho e dezembro de 2022. Os outros seis foram entre janeiro e fevereiro. Dos números gerais, sete tiveram a disputa entre grupos criminosos como motivação.

O mesmo problema faz Fazenda Coutos ser o bairro com mais tiroteios em Salvador. Dados do Fogo Cruzado indicam que, só no segundo semestre de 2022, foram registrados 27 tiroteios que deixaram seis mortos e dois feridos por lá. São Cristóvão (20), Águas Claras (20), Lobato (19) e Engenho Velho da Federação (17) completam as cincos localidades mais violentadas por ações armadas na cidade.

Em Coutos, como em outro bairros, há uma intensificação das disputas por domínio de território entre CV e BDM.

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