No dia seguinte à posse do novo presidente da Argentina, o ultraliberal Javier Milei, o ministro da Fazenda brasileiro, Fernando Haddad, afirmou que o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) “torce” para o vizinho sul-americano se recuperar.
O ministro foi questionado por jornalistas, nesta segunda-feira (11/12), sobre o que o governo brasileiro pensa em relação ao que o presidente Milei falou sobre o “choque” na Argentina.
Ele respondeu:
“Eu acompanhei o discurso [de Milei]. Nem posso comentar antes de saber medidas e também é um assunto interno da Argentina. A gente torce para a Argentina se recuperar.”
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O plano de Milei para a Argentina Em outubro, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), a inflação anual na Argentina chegou a 142,7%, o maior patamar desde 1991. A taxa de juros subiu de 118% para 133%, uma alta de 15 pontos percentuais. Dados do Indec referentes a setembro mostram que quatro de cada 10 argentinos viviam em situação de pobreza.
No discurso de posse, Milei disse que “não há dinheiro” na Argentina para realizar as medidas necessárias para reerguer a economia do país.
“Não há alternativa ao ajustamento e ao choque. Terá um impacto negativo na atividade, no emprego e no número de pessoas pobres e indigentes. Haverá estagflação, mas não será muito diferente dos últimos 12 anos”, admitiu. “Esta é a última bebida ruim para iniciar a reconstrução da Argentina”, completou o novo presidente argentino.
O plano de “choque”, como vem sendo tratado pela imprensa argentina, terá 14 pontos que se resumem em diminuição da máquina do Estado, corte de gastos, aumento de impostos para importação, desvalorização do peso e uma série de privatizações.
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Ausência de Lula A posse de Milei, no domingo (10/12), transcorreu sem a presença de Lula (PT), que declinou do convite para o evento e escalou para a solenidade o ministro das Relações Exteriores, o chanceler Mauro Vieira.
Segundo auxiliares ouvidos pela coluna de Igor Gadelha, no Metrópoles, Lula avaliou que não haveria clima para ele próprio comparecer à posse, após ser xingado por Milei durante a campanha – o argentino chegou a chamar o petista de “corrupto” e “comunista”.
Milei sucedeu o peronista Alberto Fernández, aliado do PT. Ele derrotou o então candidato da situação, Sergio Massa, no segundo turno.