De acordo com o ranking divulgado neste mês pela ONG Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal do México, especializada em estudos da violência, a Bahia é o único estado brasileiro com três municípios na lista das 50 cidades mais violentas do mundo. Salvador, Feira de Santana e Vitória da Conquista aparecem na lista. O estudo é realizado há 15 anos e revelou que as cidades baianas citadas na pesquisa referente ao ano de 2022 também apareceram na edição de 2021. Segundo o levantamento, 9 das 10 cidades mais violentas ficam no México. No caso do Brasil, o primeiro município a aparecer no ranking é Mossoró, no Rio Grande do Norte, que ocupa a 11ª posição, na sequência vem Salvador em 19º. Foram pesquisadas cidades com mais de 300 mil habitantes e comparados os dados oficiais estimados de homicídios para traçar uma taxa média de mortes. Foram descartados os municípios que vivem em conflitos de guerras. A ONG afirma que o objetivo é chamar a atenção para a violência nas cidades, particularmente na América Latina.
Em entrevista à Jovem Pan News, o pesquisador em segurança pública Fabrício Rebelo culpou o modelo de segurança do Estado pela estatística negativa: “Na verdade, o resultado dessa pesquisa é fruto de um modelo de segurança pública falido que vem sendo implementado na Bahia já há diversos anos. Embora essa pesquisa tenha uma metodologia bastante segmentada, sobretudo por considerar apenas cidades com mais de 300 mil habitantes, ela serve muito bem para o acompanhamento evolutivo do quadro de criminalidade nas cidades que são efetivamente pesquisadas. A cada ano dessa pesquisa nós vemos destaques negativos nas cidades baianas, ora mas concentrados na capital, na região metropolitana, ora mais diluídos nas cidades do interior. Mas essa característica é marcante em cada edição desse estudo”.
Ainda aparecem no ranking as cidades de Manaus (21º), Natal (28º), Fortaleza (31º), Recife (35º), Maceió (36º) e Teresina (40º). Para Rebelo, o melhor caminho para a solução é o investimento em inteligência: “Em um quadro em que a legislação não favorece a redução de crimes, é necessário que os Estados tenham que empreender esforços sobretudo nas áreas de inteligência. O que nós vemos na Bahia é aquele modelo já batido de segurança pública diretamente repressiva, com aquele patrulhamento ostensivo pelas polícias e nada focado no setor de inteligência”.
*Com informações do repórter André Muzell