Um mês após a eleição de Lula (PT) como presidente da República, manifestantes mantém o acampamento em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília. O local possui serviços básicos como alimentação e banheiros químicos, mas evoluiu e oferece atividades para aliviar o estresse, como massagem, tenda de “abrigo para conexão humanitária” e fantoche para crianças.
Os cidadãos que questionam o resultado das eleições e são contrários à posse de Lula começaram a se mobilizar em 30 de outubro, no dia do 2º turno que consagrou o petista como vencedor.
O acampamento virou um point da militância contra Lula. No local, há manifestantes fixos que estão morando em barracas. E também há os militantes do tipo visitante, que vão passear no local com a família e até mesmo os pets, mas ficam por curtos períodos de tempo.
Entre as tendas oficiais dos organizadores que distribuem alimentação gratuita e as barracas onde dormem os manifestantes, o comércio funciona a todo vapor. Os ambulantes comercializam diversos produtos, em um esquema bem semelhante a uma feira.
Os itens mais comuns são camisetas falsificadas da Seleção Brasileira, vendidas a partir de R$ 30, e bandeiras do Brasil, ícones da direita. Os ambulantes também vendem cueca por R$ 10, meias, calças, shorts, chinelos e botinas.
Uma das maiores tendas está cercada por dezenas de tomadas improvisadas que ficam à disposição dos manifestantes. Eles podem usá-las sem cobrança e há caixinha de doação e um PIX disponível para quem quiser contribuir com o combustível do gerador que alimenta o sistema.
Ao lado da tenda das tomadas, ambulantes comercializam carregadores de celular. Há carregadores usados, vendidos por R$ 20, e os novos saem a partir de R$ 25.
Veja imagens do acampamento:
Alexandre de Moraes Produtos com a imagem de Jair Bolsonaro (PL), como broches e copos, também são comercializados na feira do acampamento patriota, mas em pouca escala.
Os manifestantes, cansados de esperar por uma ação de Bolsonaro para impedir a posse de Lula, voltaram as esperanças para as Forças Armadas. Pedem que elas “salvem o Brasil”.
Um dos integrantes do movimento disse, em frente ao QG do Exército, que a “salvação” virá do Congresso. A ideia, segundo ele, é de que senadores peçam aos chefes das Forças Armadas que cumpram o artigo 142 da Constituição. A norma prevê que a Marinha, o Exército e a Aeronáutica “destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”.
Na quarta-feira à tarde, um grupo acompanhava, debaixo de uma das tendas, um grande telão que transmitia a sessão da Comissão de Transparência, do Senado. Na ocasião, os parlamentares discutiam a denúncia do PL sobre suposta irregularidade na inserção de propaganda eleitoral.
No Senado, desembargador diz que Alexandre de Moraes comete tortura
Depois do fim da sessão, os manifestantes fizeram um “grito de guerra” pedindo a prisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre de Moraes. “Ô, Xandão, seu lugar é na prisão”, entoaram.
Alexandre de Moraes é o principal alvo dos manifestantes. Uma da faixas afixadas no acampamento diz, em português e inglês: “Impeachment de Alexandre de Moraes pela sua parcialidade e conduta”. E uma outra faixa estampa caricatura de Moraes atrás das grades.
Oswaldo Eustáquio No início da noite de quarta-feira, o blogueiro Oswaldo Eustáquio foi ao acampamento. Ele chegou a ser preso por ordem de Alexandre de Moraes, no âmbito do inquérito de atos antidemocráticos.
Ao chegar em frente ao QG do Exército, o jornalista foi abordado por manifestantes. Oswaldo Eustáquio disse que o presidente Jair Bolsonaro acompanha todos os dias a movimentação em frente ao QG, por meio das redes sociais. O presidente se manteve recluso e não tem falado sobre as manifestações desde que perdeu as eleições.
“O presidente está assistindo todo dia a gente. O advogado dele, o [Frederick] Wasseff, disse que o presidente chega em casa, vai bem nervoso ligar para ver a gente, porque ele ama a gente”, disse o jornalista. Em outro momento, Oswaldo Eustáquio tenta renovar as forças dos manifestantes: “Nós vamos ganhar… Nós já ganhamos!”
Apesar de os manifestantes manterem o acampamento há um mês, já começam a dar sinal de cansaço. Eles querem que a situação seja “resolvida logo”. Uma mulher disse, para Oswaldo Eustáquio: “O pessoal tem que se unir de novo. Está ficando desunido”.
Assista:
Outro homem que abordou o jornalista, assim que ele chegou no acampamento, gritou: “Pelo amor de Deus, temos que acabar com isso até o fim de semana.”
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