InícioEditorialVai começar a Copa do Mundo de R$ 1,2 trilhão: Catar apostou...

Vai começar a Copa do Mundo de R$ 1,2 trilhão: Catar apostou no luxo

Bastam poucos passos no Aeroporto Internacional de Hamad para se dar conta do poder financeiro catari. Em meio às luzes estonteantes, levantar os olhos significa se deparar com lojas de grandes marcas internacionais e se assustar com carros de luxo expostos ali mesmo entre os passageiros. A primeira impressão de Doha faz jus aos estereótipos sobre o Catar: com a economia impulsionada especialmente pelo gás natural e o petróleo, o país investe sem amarras em infraestrutura e um alto padrão de vida. Não à toa, fará, entre 20 de novembro e 18 de dezembro, a Copa do Mundo mais cara da história.

Calcula-se que o primeiro Mundial no Oriente Médio custou aos cofres do governo cerca de 220 bilhões de dólares (aproximadamente R$ 1,2 trilhão na cotação atual), quase 15 vezes o total gasto pelo Brasil em 2014 (15 bilhões de dólares ou R$ 81,7 bilhões). As estimativas, porém, variam. Na prática, é muito difícil estabelecer o valor exato investido na competição deste ano. O que se sabe é que a Copa no Catar deve ter custado mais do que a soma das 21 edições anteriores, entre 1930 e 2018.

As cinco Copas mais caras da história (em dólar)

  • 1º Catar (2022) – US$ 220 bilhões
  • 2º Brasil (2014) – US$ 15 bilhões
  • 3º Rússia (2018) – US$ 11,6 bilhões
  • 4º Japão/Coreia do Sul (2002) – US$ 7 bilhões
  • 5º Alemanha (2006) – US$ 4,3 bilhões
Dos oito estádios que receberão partidas do Mundial, apenas um já estava pronto – e, mesmo assim, foi completamente remodelado para receber os torcedores de todo o mundo. No entanto, o custo de construção e reforma das arenas é estimado entre 6,5 milhões e 10 milhões de dólares, menos de 10% do total.
A maior parte do investimento foi em infraestrutura, com altos montantes direcionados a aeroportos, novas estradas, hotéis e instalações de lazer, além de um novíssimo sistema de metrô. A administração local argumenta que alguns dos empreendimentos já estavam previstos no plano governamental de desenvolvimento Qatar National Vision 2030, estabelecido antes mesmo da escolha do país como sede da Copa, em 2010.
“Para nós, é mais do que futebol. De fato, faz parte do nosso plano de desenvolvimento nacional para 2030. A Copa do Mundo é um catalisador para avançar com esse plano, e garantimos que tudo está preparado para organizar um dos espetáculos mais importantes do planeta”, defendeu Fatma Al-Nuaimi, diretora de comunicação do comitê local.
Parte significativa do investimento para a Copa foi aplicada na construção da cidade de Lusail, a 15 quilômetros ao Norte de Doha. Antes, o local era uma pequena vila familiar, onde morou o fundador do Catar, o xeque Jassim bin Mohammed bin Thani, morto em 1913. Porém, há menos de duas décadas, o governo fortaleceu o projeto de desenvolvimento e decidiu investir na construção de um novo município.

A princípio, o local chegou a ser chamado de “fantasma”, mas a ideia é que pelo menos 200 mil pessoas morem ali. A área de 38 quilômetros quadrados é dividida em 19 distritos – alguns comerciais, alguns residenciais e outros mistos. O investimento calculado em 45 bilhões de dólares pretende fazer com que a cidade seja uma referência de desenvolvimento sustentável, com sistemas modernos de segurança, transporte e comunicações.

Ali, foi erguido o estádio de Lusail. É o maior da Copa do Mundo, com capacidade para 80 mil torcedores, e receberá a final em 18 de dezembro. Lá, o Brasil enfrenta Sérvia e Camarões pela primeira fase.

Legado

A Copa é vista pelo Catar não apenas como um evento esportivo, mas como uma oportunidade de “vender” o país ao mundo. Trata-se de uma ferramenta para fortalecer o turismo – afinal, são esperados cerca de 1,2 milhão de visitantes no mês do Mundial – e as relações geopolíticas exteriores.
As instalações esportivas em si serão coadjuvantes num futuro próximo: a maioria terá a capacidade reduzida ou até mesmo deixará de existir. Afinal, não faz sentido ter tantos estádios para mais de 40 mil torcedores em um país com apenas 2,8 milhões de habitantes.
No dia a dia catari, o novo metrô, inaugurado em 2019, deve mesmo ser o principal legado. São três linhas com 37 estações que conectam cinco dos oito estádios – inclusive Lusail. A poucos dias da abertura do Mundial, os modernos e confortáveis trens têm ficado quase sempre vazios. O clima de Copa do Mundo ainda não chegou em cheio ao quente país árabe.

Os vultosos investimentos, no entanto, não afastaram o Catar de graves acusações sobre más condições de trabalho para imigrantes. Dados levantados em 2021 pelo jornal inglês The Guardian estimam 6,5 mil mortes relacionadas às obras – número contestado pelos organizadores. Neste cenário controverso, em que o luxo é ofuscado pelas denúncias de desrespeito aos direitos humanos, o país se apronta para tentar deixar uma boa impressão ao mundo.

Economia do Catar

  • 4º país mais rico do mundo – PIB/per capta de 112.789 dólares (o do Brasil é 17.208 dólares)
  • Maior exportador de gás natural do mundo
  • 1 rial catarense vale R$ 1,48
  • Não cobra imposto dos cidadãos
Você sabia que o Itamaraju Notícias está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.

Últimas notícias

Casa Civil retarda volta da Comissão de Mortos da Ditadura apesar de parecer favorável

Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil Pasta comandada por Rui Costa diz que minuta de...

TCU rejeita medir “autonomia” de Mauro Cid nos casos Rolex e vacina

Os ministros do Tribunal de Contas da União (TCU) rejeitaram, por unanimidade, representação que...

Hosmany Ramos, cirurgião plástico famoso por se envolver com o crime, é preso por tentativa de homicídio em Itajaí

Na última quarta-feira (1), o médico Hosmany Ramos, de 79 anos, foi detido em...

Mauro Cid afirma que “pisou na bola” sobre áudios vazados

Em gravações, o tenente-coronel diz que foi “coagido” a delatar Bolsonaro e critica Moraes...

Mais para você