InícioEditorialVai-se embora o último cantor de big bands

Vai-se embora o último cantor de big bands

O cantor Tony Bennett morreu nesta sexta-feira, aos 96 anos, em Nova York, EUA, sua terra natal. Ele faria aniversário em duas semanas. Não houve indicação de uma causa específica para a morte do artista, mas Bennett foi diagnosticado com a doença de Alzheimer, em 2016, embora ainda cantasse bastante nos últimos tempos – aliás, no palco, a memória quase nunca lhe faltava. Um dos vídeos dele que mais viralizou nesta sexta foi um em que, ao receber a cantora Lady Gaga, sua grande amiga e parceira, Tony a anunciou pelo nome, coisa que já não fazia com quase ninguém. Gaga celebrou muito e foi às lágrimas, dizendo depois, já nos bastidores, que era uma honra ele se lembrar do nome dela. Com Tony Bennett, vai-se embora o último grande crooner de big bands americanas, estilo pontuado por ícones máximos como Frank Sinatra, Dean Martin, Perry Como – e, em menor escala, Bing Crosby, Sammy Davis Jr, Rick Nelson. Ainda que cantores contemporâneos, como Harry Connick Jr. e Michael Bublé, tenham levado o gênero adiante com muito talento. Como atuou longevo, sempre muito generoso com os colegas, o intérprete de I Left My Heart In San Francisco foi atualizando a devoção pelas canções clássicas americanas para as novas gerações em álbuns de duetos com diversos nomes do pop. De Amy Winehouse a Lady Gaga, passando por Céline Dion, Elton John, Sheryl Crow e até as brasileiras Ana Carolina e Maria Gadú. A música brasileira era uma de suas paixões. Com o ouvido atento de cantor de jazz, gravou Quiet Nights of Quiet, em 1963, como uma versão da canção Corcovado, escrita por Tom Jobim. Em 1965, voltou a paquerar a bossa nova, gravando uma versão de Insensatez, de Jobim e Vinicius de Moraes. Bennett era amigo de Leny Andrade, João e Astrud Gilberto. Dizia que João Gilberto era um de seus artistas favoritos. “Ele canta tão suave e correto que podíamos até ouvir os grilos ali. É um grande artista, muito honesto”, disse Bennett no programa do Jô Soares. Com milhões de cópias vendidas, 70 álbuns, 41 indicações ao Grammy e 19 troféus ganhos na premiação, Bennett costumava dizer que a ambição ao longo da vida era criar “um catálogo de sucessos em vez de discos de sucesso”. Bennett soube que seria cantor ainda muito jovem. Depois de servir como soldado de infantaria na Europa durante a Segunda Guerra, passou a cantar sob o nome de Joe Bari quando Bob Hope o flagrou no Greenwich Village de Nova York. O comediante ficou tão impressionado que fez o cantor mudar seu nome para Tony Bennett e o usou como banda de abertura em seus shows. Daí para o contrato com uma gravadora foi um pulo. Bennett assinou com a Columbia Records e o resultado foi uma série de sucessos como Because of You, Cold, Cold Heart, Blue Velvet e Rags to Riches. Bennett seguiu como um dos cantores mais populares da década de 1950 até que a ascensão do rock ‘n’ roll o baqueou. Com o início dessa era, ele se afastou das canções pop em direção ao jazz, trabalhando com alguns dos principais nomes do gênero, como a Count Basie Orchestra. Foi dessa fase que saiu seu maior sucesso, I Left My Heart in San Francisco, que se tornou sua música de assinatura. “As pessoas me perguntam: ‘Você não se cansa de cantar aquela música sobre São Francisco?’”, disse Bennett em entrevista. “Eu digo: ‘Você se cansa de fazer amor?’”. Foi justamente esse estilo amoroso que o fez recuperar o sucesso ano após ano, mesmo quando lutou contra problemas financeiros e com drogas. Bennett fez parcerias de primeira grandeza Lady Gaga –  Depois de convidar a Gaga para o dueto de The Lady is a Tramp, Bennett desenvolveu uma amizade sólida com ela, o que resultou nos álbuns Cheek to Cheek (2014) e Love For Sale (2021), premiados com Grammys de Melhor Álbum Pop Vocal Tradicional. Frank Sinatra –  Foi uma das parcerias preferidas de Bennett. “Eu era o favorito dele e ele era meu favorito”, afirmou Tony para o Tonight Show With Jimmy Fallon. Amy Winehouse –   “fez uma performance comovente”, segundo Bennett. A colaboração no disco Duets 2 foi a última gravação da cantora antes de sua morte em 2011. Judy Garland – Em 1963, Tony participou do The Judy Garland Show, da estrela de O Mágico de Oz, com I Left My Heart In San Francisco. Paul McCartney – Em An American Classic (2006), Tony gravou uma versão de The Very Thought of You com Paul McCartney. Elton John – Impressionado, Bennett disse: “Gravamos Rags to Riches em três takes”. Já Elton chamou Tony de “o cara mais legal do planeta”. Ana Carolina e Maria Gadú – No disco Viva Duets (2012), Maria Gadú e Ana Carolina estiveram ao lado do artista. Maria soltou a voz em Blue Velvet. Já Ana em The Very Thought of You.

Você sabia que o Itamaraju Notícias está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.

Últimas notícias

José Raul Mulino vence eleições no Panamá

Representando o partido Realizando Metas, Mulino substituiu o ex-presidente Ricardo Martinelli, condenado a 11...

Mais de 75% das empregadas domésticas não têm carteira assinada

Na última segunda-feira (27/4), foi celebrado o dia de Santa Rita. Conhecida no catolicismo...

Papa Francisco expressa solidariedade às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul

O papa Francisco expressou solidariedade à população do Rio Grande do Sul, afetada pelas...

Governo reconhece estado de calamidade em 265 municípios do RS

Segundo a Defesa Civil, 341 das 497 cidades gaúchas foram afetadas pelas chuvas; a...

Mais para você