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PT faz ofensiva contra abstenção no 2° turno; Bolsonaro tenta virada em MG

A uma semana do segundo turno, a campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem intensificado a ofensiva contra a abstenção de eleitores, que pode reduzir a margem de vantagem do petista, de pouco mais de 6 milhões de votos no primeiro turno. Nos últimos dias, Lula decidiu deixar os debates de lado e focar nas agendas de rua.

Em entrevistas, o petista tem defendido que o eleitor estude os dois candidatos e escolha um lado. “O que eu quero é que tenha menos abstenção possível, que a maioria dos cidadãos brasileiros vá votar”, disse ele antes do debate da Band, no último dia 16.

Além disso, a equipe de Lula entende que o eleitorado bolsonarista pode ser mais engajado e, aliado à força do antipetismo, pode impulsionar o voto em peso no atual mandatário.

Do outro lado, focada no “vira-voto”, em especial em Minas Gerais, a campanha do candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), entende que a abstenção pode acabar por beneficiá-lo. Isso porque a taxa, que costuma crescer do primeiro para o segundo turno (veja no infográfico abaixo), pode ser maior em estados da região Nordeste, principal responsável pela dianteira do petista.

Estado-chave na disputa, Minas é considerada o termômetro da eleição presidencial. Lá, o atual presidente perdeu para Lula no primeiro turno por 563 mil votos. Pesquisas internas de ambas as campanhas apontam que Bolsonaro está angiariando mais votos no estado.

Entre bolsonaristas, há uma preocupação com o feriado prolongado (28 de outubro é Dia do Servidor Público e dia 2 de novembro é Finados) e seu potencial de gerar fuga do eleitorado de renda elevada, que vota mais com Bolsonaro e costuma viajar nessas datas. Ainda assim, há uma visão de que esse componente é menor frente ao “fator Nordeste”.

Neste ano, a taxa de abstenção nacional no primeiro turno chegou a 20,91% (32,7 milhões de eleitores), segundo dados oficiais do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em números absolutos, foi o maior resultado no primeiro turno da série histórica. Em termos percentuais, só fica atrás da eleição de 1998 (quando foi 21,49%).

De 1998 a 2006, os números de ausentes ns urnas foram diminuindo, mas voltaram a crescer em 2010, quando Dilma Rousseff, do PT, disputou a cadeira de presidente com José Serra, do PSDB. No segundo turno daquela eleição a taxa atingiu 21,50%.

 

“Fator Nordeste” A ausência dos nordestinos no primeiro turno do pleito deste ano correspondeu a 19,52% (o equivalente a 8,2 milhões de votos). É menos do que a taxa observada na primeira votação de 2018 — 18,77% de abstenção (7,3 milhões de faltantes).

Em entrevista ao jornal Valor Econômico, publicada no último dia 13, o ministro-chefe da Casa Civil e um dos principais coordenadores da campanha bolsonarista, Ciro Nogueira, avaliou que a vantagem de Lula vai cair em função justamente da abstenção na região.

Questionado se o aumento da abstenção favorece Bolsonaro, o auxiliar respondeu:

“Se acontecer o que aconteceu em 2018, só isso, a vantagem do Lula vai cair de 6 milhões para 2 milhões de votos. No segundo turno, aumentou a abstenção no Nordeste, não apenas lá, aumentou no país inteiro, mas no Nordeste esse aumento foi maior.”

Há quatro anos, a taxa de abstenção no Nordeste saltou de 18,77% para 19,88%. A diferença foi de 435 mil eleitores nordestinos.

Outro fator que pode pesar na escolha do eleitor é que no segundo turno se diminui o número de cargos a serem votados. Os eleitores escolhem deputados federais, estaduais ou distritais e senadores na primeira votação. Por sua vez, a eleição para governador já está definida em 14 estados e no Distrito Federal. Só 12 estados terão votação para a chefia dos Executivos locais.

Dos 24 candidatos que concorrem neste segundo turno, nove são aliados de Lula, nove de Bolsonaro e seis se mantêm neutros em relação à eleição nacional. Lula tem o apoio de governadores reeleitos de estados do Nordeste e do Norte, enquanto Bolsonaro conta com o apoio de governadores reeleitos em grandes colégios eleitorais, como Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Veja o carômetro de apoios:

 

Também pesa o fato de que ambos os presidenciáveis possuem alta taxa de rejeição: 50% dos eleitores brasileiros não votariam no presidente Bolsonaro de jeito nenhum, enquanto os que dizem não votar no petista são 46%, segundo pesquisa Datafolha.

Transporte gratuito Pelo menos 14 capitais brasileiras informaram que oferecerão transporte público coletivo gratuito em 30 de outubro. São elas: Aracaju (SE), Belém (PA), Boa Vista (RO), Campo Grande (MT), Cuiabá (MS), Florianópolis (SC), Fortaleza (CE), Goiânia (GO), Maceió (AL), Manaus (AM), Palmas (TO), Porto Alegre (RS), Rio de Janeiro (RJ) e Vitória (ES).

Essas unidades da Federação implementaram a medida após o Supremo Tribunal Federal (STF), em decisão divulgada na quarta-feira (19/10), autorizar as prefeituras a disponibilizarem gratuitamente serviço de transporte público urbano coletivo de passageiros no segundo turno das eleições. A liberação do transporte não é uma obrigatoriedade nem provoca punição por improbidade em caso de recusa.

A decisão atendeu parcialmente ao pedido feito pelo Partido Rede Sustentabilidade, que apoia o candidato do PT. A sigla alegou que a abstenção dos eleitores no primeiro turno deste ano foi a maior desde 1998 e, por isso, faz-se necessária a disponibilização de transporte.

Brancos e nulos caem Em 2022, os votos brancos e nulos reduziram em relação a 2018. Nas últimas eleições gerais, 8,8% eleitores votaram branco ou nulo. Em 2022, foram 4,2%, uma queda pela metade.

Aproximadamente 7,5 milhões de pessoas que votavam branco ou nulo passaram a votar em candidatos neste ano. “Talvez por ser eleição acirrada, mais polarizada. Isso é, talvez, um dos motivos concorrentes para que tenha ocorrido fila em alguns locais”, afirmou o presidente do TSE, Alexandre de Moraes.

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