São Paulo – Empresário que fez carreira na empresa de eletrônicos Multilaser, o próximo secretário da Educação de São Paulo, Renato Feder, de 44 anos, chega ao Estado com um feito relevante na bagagem, a ascensão dos índices de aproveitamento escolar do Paraná, Estado onde gerenciava a mesma pasta desde 2019, e propostas que incluem aumento do uso de tecnologia nas salas de aula, programas de intercâmbio para alunos e também uma presença maior de instituições privadas na rede escolar.
Feder ainda não se desligou do cargo de secretário da Educação do Paraná (o que só deve ocorrer na próxima semana) e, segundo sua assessoria, só deve começar a dar entrevistas sobre suas propostas para São Paulo após deixar o governo Ratinho Júnior (PSD) e alinhar com o governador eleito de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), quais serão as prioridades da gestão paulista.
O primeiro encontro entre Feder e Tarcísio ocorreu no ano passado, quando o futuro secretário foi apresentado ao governador eleito em Brasília e ambos tiveram uma conversa sobre as políticas públicas adotadas no Paraná. Feder não participou da campanha de Tarcísio mas, no último dia 16, recebeu um telefonema do governador eleito com a proposta de retornar à São Paulo.
Feder já havia trabalhado na educação paulista: entre 2017 e 2018, na gestão Geraldo Alckmin (PSB, na época PSDB), o secretário havia sido assessor técnico da secretaria de Educação paulista, cargo que ocupou após deixar a presidência da Multilaser.
Ele chegou a ser cotado, em 2020, para assumir o cargo de ministro da Educação no governo Jair Bolsonaro quando o indicado para o posto, Carlos Decoteli, caiu em meio a uma polêmica envolvendo informações incorretas em seu currículo. Mas a passagem pelo governo tucano e o apoio público que já havia dado a Joao Doria fizeram com que Bolsonaro o desconvidasse após um convite inicial. Feder doou R$ 120 mil à campanha de Doria para a Prefeitura de São Paulo, em 2016.
No setor privado, Feder presidiu a Multilaser em um período em que a emprese experimentou forte crescimento, obtido em parte com uma série de contratos para fornecimento de material de informática para o setor público, tanto nas gestões de Dilma Rousseff (PT) quanto de Jair Bolsonaro (PL). Ele é administrador de empresas formado pela Fundação Getúlio Vargas, mestre em Economia formado pela USP e deu aulas de Economia e Administração no Mackenzie, em São Paulo.
Melhora de índices Em 2017, o Paraná era o sétimo colocado no ranking da média do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). A partir de 2019, quando assumiu, a colocação passou a subir paulatinamente. No ranking de 2021, divulgado neste ano, o Estado passou para primeiro colocado. Feder atribui o resultado a investimentos feitos na capacitação melhor do professores e no uso de tecnologia em complemento ao material didático obrigatório – políticas que devem ser importadas para a rede paulista.
O crescimento dos índices do Estado ocorreu em meio à pandemia de covid-19, período em que escolas tiveram de ser fechadas para conter os índices de contaminação da doença antes do início da aplicação de vacinas. Uma das políticas adotadas no período foi o crescimento do acesso à rede nas escolas.
Em 2018, cinco escolas paranaenses não possuíam internet porque sequer tinham energia elétrica, segundo a assessoria de Feder, e as que possuíam acesso a rede tinham conexões com velocidade de 1o mbps. Após investimento de R$ 278 milhões, as escolas, ainda segundo sua assessoria, passaram a contar com conexões com 100 mbps de velocidade, e todas elas receberam equipamentos de wi-fi, incluindo 22,5 mil pontos de acesso e 1,2 mil switches (dispositivo que conecta todos os aparelhos de uma mesma rede). As escolas também receberam kits de robótica e de TVs com computadores para aulas a distância.
Os investimentos foram complementados por aulas transmitidas em canais de TV aberta, dando acesso a conteúdo didático para os alunos em quarentena.
Outro ponto que sua gestão destaca é o crescimento de alunos em ensino integral. Feder aumentou de 14 mil para 40 mil alunos que têm aulas o dia todo, número entretanto ainda pequeno diante dos quase 1 milhão de alunos da rede paranaense.
Por fim, a gestão de Feder também destaca um programa-piloto para envio de estudantes para estudar no exterior. 200 estudantes complementaram sua formação no Canadá e na Nova Zelândia (100 em cada país).
Políticas públicas Segundo seus auxiliares, uma das propostas que mais chamou a atenção da imprensa ao longo de sua gestão no Paraná, a expansão de escolas cívico-militares, não é uma de suas principais bandeiras pessoais, mas sim uma política determinada por Ratinho Júnior que ele implementou.
O modelo incluiu na direção das escolas um “co-diretor” de origem militar. 195 escolas passaram a adotar o modelo. A Assembleia Legislativa paranaense, porém, discute proposta do próprio Executivo para que, a partir do ano que vem, os cargos dos militares passem a ser chamados de “monitores educacionais”.
Outra política adotada na gestão Feder foi a contratação de empresas privadas para tocar os serviços administrativos das escolas, como limpeza, merenda e segurança.
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