De um lado, a música de celebração à vida, à alegria, puro alto astral e romantismo. Do outro, a contundência do rap, que, embora também às vezes fale de romance, vai mais direto ao assunto, como no verso “Ela joga beijo/ faz carão/ de quatro/ de quatro/ que tesão”. Embora sejam bem diferentes, Gilsons e Xamã juram que encontram sintonia entre a música deles dois e o encontro deles Festival de Verão, dia 29, promete.
O rapper carioca Xamã diz que cresceu ouvindo todo tipo de som e gosta da mistura de ritmos, como, observa ele, está em seu último álbum, Zodíaco, de 2020. “Os Gilsons fazem um som ‘sinistro’ e acho que a gente tem algumas similaridades. Mas, sem dúvida alguma, vai ser na diferença que a gente vai surpreender o público”.
João, um dos três integrantes dos Gilsons, observa as divergências entre sua banda e Xamã, mas acha que há alguma sintonia também: “Vamos estar no lugar da convergência entre nós, onde o nosso som chega mais perto do rap e da sonoridade dele. É a mistura que vai dar bom e é isso que o Festival propõe”.
Lembranças
Como seus colegas da Gilsons, João diz que têm uma lembrança afetiva do FV, já que costumava passar os verões por aqui, assim como Fran e José. “A gente frequentou muito o FV, lembro de shows icônicos lá, não só da turma da Bahia. Ivete, Asa de Águia, Timbalada… e o clássico arrastão da Psirico, que encerrava a festa”, lembra João, que cita ainda Charlie Brown Jr. e Titãs.
Fran elogia o rapper com quem vai dividir o palco:
“Conheço Xamã desde que ele estava começando e sempre acompanhei a cena do rap carioca e ele era um cara do underground que sempre curti. Hoje, ver ele entrando com essa força no mainstream é f…, é muito potente!”.
O compositor e letrista Carlos Rennó escreveu, no material de divulgação dos Gilsons, que a banda tem a vocação de celebrar em seus versos “o amor e a luz; as viagens e os encontros; enfim, o mundo – a se conquistar pelo amor, a que se entregar sem medo”. Fran atesta o que Rennó afirmou: “Nossa música tem muito dessa carga da celebração, da manifestação genuína de alegria e do amor. Mas trazemos também mensagens importantes, nosso álbum conversa muito com o momento que vivemos, no aspecto político e social”.
O Festival
O Festival de Verão deste ano acontece nos dias 28 e 29 de janeiro e chega com uma novidade: quase todos os shows vão reunir duplas ou trios no palco. Então, além de Xamã e Gilsons, haverá encontros como Gil e Caetano; Ivete e Luedji Luna; Criolo e Ney Matogrosso. A outra novidade é que o FV volta a acontecer no Parque de Exposições, como em seus primeiros anos, antes de se mudar para a Fonte Nova.
A decisão de levar o festival para o seu endereço original está muito ligada à memória afetiva do público, segundo Gabriela Gaspari, head da Bahia Eventos, empresa que realiza o FV e integra a Rede Bahia.
“Quando começamos a rodar as pesquisas com o público para desenhar o reposicionamento do Festival de Verão, o retorno ao Parque era um dos itens mais pedidos. Isso faz parte da memória afetiva do nosso público”, disse a executiva em entrevista ao CORREIO.
Assinantes Clube CORREIO têm descontos de até 55% na compra dos ingressos. O desconto sobre o valor da inteira na pista é de 55% e, no camarote, 15% sobre a inteira. Assim na pista, o preço cai de R$ 180 para R$ 81. No camarote, o preço é reduzido de R$ 380 para R$ 323. Os valores não incluem as taxas de conveniência cobradas pelo Sympla.
PROGRAMAÇÃO DO FV
Dia 28/01
Ivete Sangalo convida Luedji Luna; Gilberto Gil convida Caetano Veloso; Criolo convida Ney Matogrosso; Orochi convida Djonga; Carlinhos Brown convida Duda Beat e Àttooxxá; Ferrugem convida Xande de Pilares; Margareth Menezes convida Majur e Larissa Luz;Filipe Ret convida Caio Luccas
Dia 29/01
Xamã convida Gilsons; Jão convida Pitty; Ludmilla convida Glória Groove; Saulo convida Marina Sena; Luisa Sonza convida Alcione; Baiana System convida Olodum; Léo Santana; Bell Marques
Venda: Sympla
Pista: R$ 180 | R$ 90
Camarote: R$ 380
Clube CORREIO: R$ 81 (pista) e R$ 323 (camarote)
TRÊS PERGUNTAS PARA XAMÃ
Malvadão 3 foi um sucesso que consagrou você nacionalmente. Fala um pouco sobre a história da música e o que o motivou a compor essa canção.
Eu escrevi Malvadão 3 em um estúdio com alguns amigos. A gente sempre coloca um drink, escuta algumas batidas e inventando melodias por cima, fazendo freestyle. Ela não nasceu de um jeito “especial”, “inédito”. Meu processo criativo geralmente é despretensioso. Ela surgiu de uma forma muito espontânea com os amigos, bebendo e cantando.
Qual a importância das batalhas de rima na sua formação como compositor?
Total importância. Foi nas batalhas que pude começar a praticar o meu flow [maneira como o rapper “encaixa” as palavras e frases na música], descobrir minha forma de criar, conhecendo as técnicas…. lá me enxerguei pela primeira vez como artista e comecei a ser visto dessa forma pelas pessoas. Também pude conhecer grandes parceiros que eu vou levar pra vida, como o Major RD. Naquela época, eu trabalhava nos trens e nos ônibus do Rio vendendo balas e amendoim para fazer uma renda e continuar buscando o meu sonho de ser músico.
Como surgiu a parceria com Luísa Sonza – que também estará no FV, no mesmo dia de Xamã – , com quem você gravou Câncer?
Eu conheci a Luísa em 2020, quando a convidei para gravar uma das músicas do meu último álbum, Zodíaco. A faixa escolhida foi a do signo dela, Câncer, e desde então somos amigos. Ela é uma artista incrível, que mesmo sendo muito jovem tem total consciência do que faz. Isso me impressiona muito!