InícioEditorialEsportesVexame? Relembre as eliminações brasileiras nas semis do Mundial de Clubes

Vexame? Relembre as eliminações brasileiras nas semis do Mundial de Clubes

Da última década até hoje, a eliminação de um clube brasileiro nas semifinais do Mundial de Clubes da Fifa tem sido mais comum do que os torcedores brasileiros gostariam. Na última terça-feira (7), foi a vez do Flamengo frustrar sua torcida dentro e fora do Brasil ao perder para o Al-Hilal, da Arábia Saudita, por 3×2, e perder a chance de disputar a final da competição mais importante de clubes diante do Real Madrid. Essa foi a quarta vez que um time brasileiro é eliminado antes da final no atual formato da competição. 

Ao longo da história do campeonato, os clubes do Brasil se acostumaram a bater de frente e, em alguns casos, conseguir levantar a taça diante de um gigante europeu, a exemplo do Internacional, em 2006, diante do Barcelona de Ronaldinho Gaúcho, e o Corinthians em 2012, contra o Chelsea. Mas o que antes era uma possibilidade real de título, tem se tornado cada vez mais complexa. E que vai além da dificuldade imposta pelo adversário europeu em uma eventual final, mas sim pelo o que vem antes.

O Mundial de Clubes é composto por sete equipes. Além do sul-americano que vence a Libertadores e do europeu que fatura a Liga dos Campeões, outros cinco entram na disputa. O vencedores continentais da Ásia, Oceania, África e América do Norte e Central se juntam ao campeão nacional do país sede. Neste ano, o Wydad Casablanca representaria Marrocos como clube sede, mas o time também venceu a competição da África e a vaga continental ficou com o vice-campeão, o Al-Ahly, do Egito.

Com o crescimento do nível de competitividade entre os brasileiros e os adversários nas semis do Mundial, hoje já é difícil taxar simplesmente como um vexame. Mas aos olhos do torcedor, claro, a régua para medir as eliminações é muito particular.

Fazendo um recorte mais amplo, que inclui os outros vencedores sul-americanos que foram ao Mundial, a situação também continua complicada. Nos últimos dez anos, cinco equipes da América do Sul tropeçaram e não se classificaram para a grande final. Entre elas estão Atlético Nacional (2016), que perdeu para o Kashima Antlers, e o River Plate (2018), eliminado pelo Al-Ain.

O CORREIO relembra agora os outros três brasileiros que frustraram suas torcidas e não chegaram na grade final do Mundial de Clubes. Lembrando que a matéria leva em consideração o atual formato da competição.

2010 – Internacional x TP Mazembe (RDC)

Internacional e TP Mazembe se enfrentaram em Abu Dhabi (Foto: Divulgação/Fifa)

Ninguém esperava, mas o Todo Poderoso Mazembe eliminou o Internacional no Mundial de Clubes em 2010 e frustrou os planos do Colorado de conquistar o bicampeonato do mundo. E quando eu digo ‘Todo Poderoso’ não é para diminuir ou fazer chacota, mas sim porque o time da República Democrática do Congo tem exatamente esse nome. No francês é o Tout Puissant Mazembe.

Pois bem, em 2010 o TP Mazembe conseguiu uma classificação histórica para a semifinal da competição ao vencer a Liga dos Campeões da áfrica pela terceira vez e chamava muito a atenção da imprensa e dos torcedores, que conheciam quase nada do adversário. O vencedor enfrentaria a Inter de Milão, campeã da Champions.

Treinado por Celso Roth, o Internacional havia sido campeão da Taça Libertadores em agosto daquele ano contra o Chivas Guadalajara, do México. Diferente do formato atual, a competição sul-americana ia até o fim do primeiro semestre, enquanto a competição da Fifa era durante o mês de dezembro.

Na partida, segundo as próprias matérias da época relatam, Roth colocou em campo em Abu Dhabi, sede do Mundial, uma equipe com a formação tática diferente do que havia treinado na preparação. O Inter teve boa posse de bola, mas pouco concluiu ao gol do Mazembe e viu os adversários africanos encaixarem bons contra-ataques.

Kabangu e Kaluyituka marcaram para o Mazembe, mas quem mais se destacou em campo foi o goleiro Kidiaba. Além de mostrar segurança nos ataques do Inter, o goleiro congolês protagonizou uma das comemorações mais icônicas do futebol. Nos dois gols de sua equipe, Kidiaba sentou no chão e comemorou quicando no gramado como uma bola de basquete enquanto rodava por sua área. A comemoração, claro, virou motivo de chacota para os rivais do Colorado após a surpreendente eliminação no Mundial de 2010. 

Na final, o TP Mazembe não teve chances contra a Inter de Milão e perdeu por 3×0. Abaixo você confere os gols e a comemoração esquisita do goleiro Kidiaba.

2013 – Atlético-MG x Raja Casablanca (MAR)

Raja Casablanca jogou com o apoio da torcida em Marrakesh (Foto: Divulgação/Atlético)

Ronaldinho Gaúcho, São Victor e os artilheiros Diego Tardelli e Jô. A fórmula do Galo para enfrentar o Bayern de Munique na final do Mundial de 2013 parecia estar pronta para funcionar, principalmente depois da campanha histórica do clubes na Libertadores, marcada por vitórias de virada e classificação e título nos pênaltis. 

O time comandado por Cuca teve quase cinco meses de ‘preparação’ para atuar no Mundial daquele ano, já que a Libertadores seguia sendo disputada até o meio do ano e o Mundial apenas em dezembro. Enquanto aguardava a tão sonhada disputa do Mundial de Clubes, o Atlético-MG não fez uma grande campanha no Brasileirão da Série A e terminou aquele ano na oitava colocação. Até ali, nada que abalasse a confiança do time para o Mundial. 

Pela frente, o Galo teve os donos da casa, literalmente. O Mundial também aconteceu no Marrocos naquela edição e a equipe brasileira enfrentou o Raja Casablanca, time marroquino que havia sido campeão nacional daquele ano. No Estádio de Marrakesh, na capital do país, o Atlético foi derrotado por 3×1 e frustrou não só os atleticanos, mas outros torcedores brasileiros que torciam para ver Ronaldinho Gaúcho vencendo o Mundial.

O único gol do Galo foi marcado pelo meia, numa linda cobrança de falta aos 18 da segunda etapa. Naquela altura o Raja vencia por 1×0, com gol de Iajour. O Atlético mostrou pouca inspiração ao longo daquele jogo e, no fim da partida, ainda vacilou quando Réver cometeu pênalti, convertido por Moutaouali.

O atacante ainda participou do terceiro gol do Raja, quando puxou um contra-ataque, bateu no travessão e no rebote Mabide empurrou para as redes. Aquele jogo marcou o fim da primeira passagem de Cuca como treinador do Galo.

2020 – Palmeiras x Tigres (MEX)

Tigres e Palmeiras duelaram no Estádio da Educação, em Doha (Foto: César Greco/Palmeiras)

A segunda eliminação mais recente de um clube brasileiro nas semifinais do Mundial de Clubes seja, talvez, a mais justificável. Treinado por Abel Ferreira, o Palmeiras venceu o Santos na final da Libertadores de 2020, marcada pela pandemia, faturou a Copa do Brasil daquele ano contra o Grêmio e chegava para a competição da Fifa, no começo de 2021, com a difícil missão de bater o Bayern de Munique de Hansi Flick, que foi avassalador na Europa. 

Mesmo assim, o principal objetivo era poder testar uma equipe bem treinada, e com um sistema defensivo sólido, diante de um clube europeu conhecido pelo seu ataque fulminante. Mas pela frente o Palmeiras encarou o Tigres, do México, que eliminou o Ulsan Hyundai, da Coreia do Sul, nas quartas de final. A equipe mexicana era treinada pelo técnico brasileiro Tica Ferretti naquela época e tinha no elenco nomes como o do centroavante francês Gignac, que tem vasta carreira ne Europa.

Brasileiros e mexicanos já disputaram grandes jogos ao longo da história em competições de clubes. Algumas com vitórias brasileiras, como o Inter contra o Guadalajara em 2010 e o São Paulo contra o próprio Tigres em 2005, e outras com superioridade dos vizinhos mexicanos. O Tigres já havia eliminado o Internacional em 2015 em uma semifinal de Libertadores e o América do México bateu o Flamengo nas oitavas de 2008. Ou seja, o Palmeiras teria pela frente um adversário ‘enjoado’. E foi o que aconteceu mesmo.

Em Doha, no Catar, o Tigres venceu por 1×0 com gol de Gignac, em um pênalti sofrido no começo da segunda etapa. O Palmeiras atuou muito mal durante o jogo e não teve forças para reagir após sair atrás do placar. A classificação do Tigres adiou o sonho de mais uma final de Mundial para o Verdão, que aconteceu no ano seguinte. Perdeu para o Chelsea na prorrogação.

A final entre Tigres e Bayern de Munique se mostrou muito mais equilibrada do que o esperado. O Bayern fez 1×0 aos 13 do segundo tempo e o lance foi muito polemizado, já que a bola chega a tocar na mão do centroavante Robert Lewandowski, mas a arbitragem interpretou como involuntário e deu o gol para os alemães.

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