Ela é cantora, mas nesta quinta-feira de Carnaval posou de professora de e cientista social, dando uma aula sobre a Independência do Brasil – que completou 200 anos no ano passado – e feminismo, ressaltando o papel das mulheres que se destacaram em nossa história. Daniela Mercury levou seu engajamento político para a sua “pipoca”, no Campo Grande, e até cantou o Hino Nacional, com um arranjo pra lá de moderno, abusando de uma guitarra que remetia a Armandinho, atração que passou imediatamente antes dela.
Mas como o público de Daniela, claramente progressista, se sentiu ao ouvi-la cantar o hino, que, de uns anos pra cá, passou a ser associado com a extrema-direita e o bolsonarismo? “O hino é nosso, de todos os brasileiros. O Brasil é a diversidade e nada é mais diverso que o Brasil. O hino voltou para o povo brasileiro”, vibrava o psicólogo Breno Miranda, de 25 anos, que vestia uma camisa com as cores do movimento LGBTQIA+ e era um dos mais animados no bloco.
“Este Carnaval de Daniela é para nos lembrar que precisamos conhecer nossa história e precisamos saber que a Independência do Brasil começou aqui, na Bahia”, dizia o professor Gabriel Andrade, de 28 anos, que ostentava uma maquiagem repleta de brilhos. Na pipoca, destacavam-se foliões com as mais variadas fantasias: tinha Batman, Mulher Maravilha, bailarinas, mariposas, Lampião e Maria Bonita…
Lá em cima, no trio, os bailarinos de Daniela também estavam fantasiados de personagens que marcaram a história do país, com destaque para as mulheres baianas, como Joana Angélica e Catarina Paraguaçu. “Vamos homenagear as mulheres!”, ordenou a cantora, pouco antes de apresentar o Hino Nacional, cantado por muitos foliões.
Daniela também destacou outra personagem histórica feminina, Maria Felipa: “Marisqueira, capoeirista, heroína da Independência, que botou fogos em navios inimigos”. Depois, foi a vez da cantora mostrar, na canção Mulheres do Mundo, o poder feminino: “Elas fizeram a Revolução/ Ele não/ Ele não sabe, não/ As mulheres proclamaram a Independência do Brasil/ Dos anos 2000”. Celebrou, namesma canção, a diversidade tão característica de seu bloco: “Minha mama é a Bahia/ O Brasil é baiano/ É nordestino/ É caipira/ É indígena”.
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