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Retadinhas: as histórias de duas meninas baianas que se engajam na construção de um futuro mais igualitário

Maria Eduarda César, a campeã de surf que deseja inspirar outras crianças (Foto: Acervo pessoal)

Prever o futuro é uma tarefa impossível, mas alguns fatos são incontestáveis. Um deles, é que um amanhã mais justo e igualitário só pode ser construído coletivamente, a várias mãos. E por falar nelas, foi com a ponta dos dedos que Clara Beatriz Dourado descobriu, ainda bebê, o que moveria seu coração. Na época, sua mãe, a delegada Maria José Maciel, 52, já costumava ler alguns livros para a pequena, que, aos 14, acabou de ser finalista do prêmio Jabuti – maior premiação da literatura nacional. Com Maria Eduarda César a história também começou cedo. Aos nove, ela já surfava com o pai, o alpinista industrial Eduardo Felippe César, 49. Em 2022, a atual campeã baiana feminina de surf venceu a segunda etapa do Circuito Banco do Brasil de Surfe, que integra a temporada 2022 da Liga Mundial (WSL), e soma diversos outros títulos no esporte. 

Enquanto uma desenvolveu um projeto literário para facilitar o acesso das  pessoas de baixa renda à leitura, a outra pretende inspirar dezenas de crianças baianas que sonham em ter carreira no surf. 

Juntas, elas representam as futuras mulheres e nos relembram a importância de preservar a integridade e a dignidade das pequenas, para que elas possam se tornar exatamente quem desejam ser. 

Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, pelo quarto ano consecutivo, o Jornal  CORREIO vai homenagear grandes mulheres baianas através do projeto  #RetadasNoCORREIO, que será publicado no próximo dia 8 de março, quarta-feira. Nesta reportagem, apresentamos as #Retadinhas, garotas inspiradoras  do presente que serão ainda mais potentes no futuro. 

Maria Eduarda César
Na primeira vez que Maria Eduarda subiu em uma prancha, ela  contava  apenas três anos. Seu pai, Eduardo Felippe César, achou que era apenas um hobby, mais uma diversão infantil. Ledo engano. A paixão pelo esporte só se fortaleceu com o tempo. “Aos nove anos ela me disse que queria ser surfista profissional. Fiquei muito feliz e logo incentivei, sou um pai bem babão”, brinca.

Filha de mãe baiana e pai carioca, a estudante sempre teve um contato próximo com o mar. No mesmo ano em que decidiu se profissionalizar, Maria já ingressou em sua primeira competição, organizada pelo Campeão Mundial Adriano de Souza, natural de Minas Gerais. A vitória veio logo de primeira. De lá para cá, ela foi Campeã baiana Open, Campeã baiana sub-12 e ficou em segundo lugar no Campeonato Brasileiro Sub-14. Outro marco importante veio no ano passado, quando ela participou da segunda etapa do Circuito Banco do Brasil de Surfe, que integra a temporada 2022 da Liga Mundial (WSL). 

“Gosto de quando viajo para novos lugares que tem boas ondas. Sempre faço novos amigos. Quando estou em cima da prancha, me sinto livre de tudo”, reflete. Apesar da dedicação, que inclui treinos diários, ela garante que os estudos são uma prioridade também. “É muito importante para mim. Sempre tenho tempo para estudar”, garante a atleta, que também está aprendendo inglês mirando em campeonatos internacionais. 

Atualmente, ela é campeã baiana da categoria feminina, campeã baiana na categoria 12 e ocupa o terceiro lugar no ranking geral brasileiro. 

“Sou apaixonada por surf, mas também sinto vontade de ser modelo e atriz. Meu sonho mesmo é ser a primeira brasileira a ser campeã mundial, quero chegar na elite”. 

Para o pai, o talento da filha é motivo de muito orgulho, a única dificuldade são os custos. “Estamos sempre precisando de ajuda financeira, pois sou o ‘paitrocínio’. Se alguém tiver interesse em patrocinar, estamos abertos”. 

Clara Beatriz Dourado
Dizem que mãe conhece filho como ninguém. No caso de Maria José, ela sempre soube que Clara BEatruz  seria uma dessas garotas comunicativas. Desde pequena, a jovem já dava os sinais. “Ela tem contato com livros desde bebê e sempre foi muito falante, gostava de ouvir e de contar histórias desde muito cedo”, relembra. 

A paixão pela literatura atrelada à responsabilidade social que sempre pairou ao redor da estudante, a fez perceber que nem todas as pessoas podiam compartilhar da mesma paixão que ela. Após a constatação, logo veio a vontade genuína de ajudar a transformar essa realidade.

 “Quando tinha uns nove anos fui em Salvador e vi uma casinha de livros, dentro do Shopping Bela Vista. Fiquei encantada e encasquetei de fazer uma aqui na minha cidade. Levei um ano para convencer meus pais. Em outubro de 2018, quando eu tinha 10 anos, montei a primeira casinha numa praça, bem pertinho de casa “, conta ela, que nasceu em Irecê, município do sertão baiano,  localizado a cerca de 478,8 km de Salvador. 

Clara Beatriz se inspirou em uma casinha de livros vista em Salvador e espalhou a ideia por Irecê, onde mora, e diversas outras cidades até fora da Bahia (Foto: Acervo Pessoal)

O projeto Casinha de Livros foi finalista da categoria “Inovação” do prêmio Jabuti, em 2022, a premiação mais importante da literatura nacional, fundada em 1958. 

Em quatro anos, 21 casinhas foram instaladas. A primeira delas em Irecê, na Praça Chico Mendes, com custeio total dos pais de Clara e livros da biblioteca particular da menina, além de doações de amigos e familiares. Outra casinha que merece destaque é a que está na comunidade quilombola Lagoa dos Batas, em Ibititá, a cerca de 510 km da capital. A iniciativa expandiu as fronteiras do estado e também chegou no Pará, mais precisamente na Ilha do Marajó. Só em Irecê, são cerca de 8 mil livros. 

“Quero continuar incentivando a leitura, pois ainda lemos muito pouco, o livro ainda é caro. Não há tantos programas de incentivo. No futuro, também quero fazer curso de teatro e estudar jornalismo, talvez”, revela. 

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