Pia Sundhage está prestes a encarar seu maior desafio na Seleção Brasileira Feminina: a Copa do Mundo, que acontece entre julho e agosto, na Nova Zelândia e Austrália. Uma das técnicas de maior destaque no planeta – sendo até finalista ao prêmio Fifa The Best de melhor treinadora de 2022 -, a sueca já precisou se passar por um menino para jogar bola.
“Quando criança, eu não podia jogar uma partida de futebol de verdade porque não se encontrava futebol feminino. Só dava para jogar junto dos meninos, o que não era permitido. Aí, um treinador me aconselhou a trapacear. Então, deixei de ser Pia para ser Piele, um nome masculino na Suécia. Quando ele sugeriu, entendi Pelé (risos)”, contou a técnica, em entrevista à GQ Brasil.
“Essa história significa muito, porque passei a ser reconhecida e tive a chance de jogar futebol como gostaria”, completou.
Nascida na cidade de Ulricehamn, na Suécia, Pia se tornou uma das principais artilheiras da história de seu país. Pela sua seleção, anotou 71 gols em 144 partidas. Venceu a Eurocopa de 1985, e foi vice em 1987. Ainda disputou a primeira Copa do Mundo Feminina da história, em 1991, além da edição do mundial de 1995 e da Olimpíada de Atlanta, em 1996.
Por clubes, Pia foi tetracampeã do Campeonato Sueco (1979, 81, 84 e 89) e da Copa da Suécia (81, 84, 94 e 95). Mas o auge veio mesmo como treinadora: conquistou o bicampeonato olímpico (2008 e 2012) como comandante da equipe dos Estados Unidos, e foi medalha de prata, em 2016, na liderança da Suécia.
Em 2019, foi contratada pela CBF para assumir o comando da Seleção e conduzir a evolução do futebol feminino brasileiro. Para Pia, está cada dia mais claro que “o público gosta de ver mulheres em campo”.
“Ainda existe um longo caminho a percorrer, mas quando fui jogadora não tive as mesmas oportunidades, por exemplo, que a Geyse, atualmente no Barcelona. Trata-se de uma mudança social contínua, de comportamento, mas também de marketing e investimentos”, afirmou à GQ.