A Suécia anunciou, nesta segunda-feira (12/6), a extradição para a Turquia de um apoiador do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), condenado por tráfico de drogas. O anúncio é visto como um sinal de Estocolmo a Ancara, que há meses vem barrando a entrada da Suécia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
“O governo decidiu a extradição da Suécia de um cidadão turco de 35 anos”, disse Ashraf Ahmed, funcionário do ministério da Justiça sueco, referindo-se a um homem alvo das autoridades da Turquia pela sua suposta ligação com o PKK. Assim, que o ministério da Justiça turco for notificado, o governo sueco terá quatro semanas para implementar a extradição do homem.
A Turquia acusa a Suécia de abrigar grupos terroristas, incluindo militantes curdos considerados ilegais por Ancara e, por isso, ainda não deu seu aval para o país ingressar na Aliança Atlântica.
O governo turco classificou o PKK como uma “organização terrorista” e apresentou à Suécia uma lista de 120 suspeitos a serem extraditados. O ministério das Relações Exteriores da Suécia disse que autoridades dos dois países devem se reunir na quarta-feira para discutir a paralisação da candidatura sueca à Otan.
O homem foi condenado a mais de quatro anos de prisão na Turquia, em 2014, por transportar um saco com maconha, informou o Supremo Tribunal sueco, que no início de junho deu luz verde à extradição.
Depois de ser colocado em liberdade condicional na Turquia, ele se mudou para a Suécia, onde foi detido em agosto a pedido do Ministério Público turco, que exige que ele cumpra o restante da pena.
O homem criticou a decisão de extraditá-lo, alegando que o verdadeiro motivo pelo qual está sendo procurado pelas autoridades turcas são suas ligações com o pró-curdo Partido Democrático do Povo (HDP) e por ter mostrado apoio ao PKK.
Turquia é pedra no caminho da Suécia A Turquia e a Hungria são os únicos Estados-membros da Otan que ainda não ratificaram a proposta da Suécia. Para um novo membro ser aceito na aliança militar, ele precisa do aval de todos os países do grupo.
Terminando dois séculos de neutralidade e não alinhamento militar, a Suécia e a vizinha Finlândia anunciaram propostas para ingressar na Otan em maio de 2022, três meses depois de a Rússia invadir a Ucrânia.
Enquanto a candidatura da Suécia ainda enfrenta oposição, a Finlândia conseguiu se tornar o 31º membro da Otan em 4 de abril deste ano.