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Nas profundezas do mar azul

Há coisas que não fazem o menor sentido e, mesmo sendo absolutamente irracionais, seguem seu curso. Se fôssemos fazer uma lista, tipo viagem insegura de turismo aos destroços do Titanic, teríamos assunto para crônicas até o final do ano. E olhe que faltam 26 domingos no calendário cristão. Desde que o submarino Titan, da OceanGate, que iniciou as suas atividades turísticas há apenas dois anos, em 2021, implodiu no Atlântico, uma pergunta ronda as nossas cabeças. O que faria alguém pagar 250 mil dólares, mais de 1 milhão de reais, para entrar nessa roubada absurda? A aventura, dirão os mais aventureiros. Nunca foi meu forte, confesso. Fora pegar carona para ir a festival de surfe na adolescência, sou uma pessoa bastante comedida. Não vale a resposta óbvia de que pagaram porque possuíam dinheiro, embora seja uma verdade incontestável. Li num desses sites de notícias que, juntos, os cinco tripulantes somavam uma fortuna de quase 13 bilhões de reais. Vai ver o comedimento, no meu caso, justifique a dúvida. Então, vejamos: o tal submarino era um cubículo, apesar de suas dez toneladas de aço embaladas em fibra de carbono, com um interior que media 6,5 metros de comprimento por 3 de largura. Não possuía conexão com a superfície, sequer um mísero GPS funcionava. Seus comandos eram feitos num joystick desses de games, que qualquer criança manipula com facilidade em terra firme. Comunicação? Só por mensagem de texto. Saída de emergência que permitisse um resgate? Esqueça. O veículo era lacrado com 17 parafusos antes de imergir e só podia ser aberto quando emergisse. Nem um banheiro decente existia e um jornalista, que participou de uma acidentada press trip no Titan, o chamou de “penico” com cortinas. Ainda assim, lá se foram os milionários (havia dois bilionários entre eles) descendo 3.800 metros de profundidade, na tentativa de filmar, fazer selfies ou apenas contemplar os destroços do Titanic. O mítico transatlântico de luxo afundou ao se chocar com um iceberg, na madrugada de 14 de abril de 1912, quando fazia a rota entre Southampton, Inglaterra, e Nova York, Estados Unidos. O naufrágio inspirou lendas assustadoras, centenas de livros e até filme arrasa quarteirão com Leonardo DiCaprio, além de estimular uma ruidosa caça ao tesouro, desde que seus restos foram localizados em setembro de 1985. Claro que, depois da tragédia, psicólogos foram ouvidos sobre as aventuras radicais dos muito ricos em um planeta de milhões de famintos. Passeiam no espaço, escalam montanhas, embarcam em submarinos. É que, embora possam comprar praticamente tudo, buscam experiências que façam com que se sintam vivos. Kátia Borges é escritora e jornalista

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