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O ‘PTverso’ de Jerônimo, a articulação nacional da oposição e o cabo de guerra petista para 2024

A estratégia é fugir O núcleo de comunicação do governo do estado criou uma verdadeira força tarefa para contrapor os dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública que mostrou quatro cidades da Bahia como as mais violentas do Brasil. A medida, porém, não teve muito efeito prático, sobretudo porque a narrativa petista não encontra mais eco na realidade, que notadamente é outra. A engenharia, por outro lado, mostra que a estratégia segue a mesma: se esquivar do problema e fingir que ele não existe. Quando questionado sobre a temática, o governador Jerônimo Rodrigues já atribuiu culpa a prefeitos, ao governo federal e até à imprensa por noticiar os inúmeros casos diários de violência. Em suma, a estratégia é fugir. PTverso Já prevendo mais um resultado negativo, o governo decidiu se antecipar e colocou outdoors pelo estado dizendo que fez “a maior transformação da segurança pública”. O problema é que a propaganda do “PTverso” confronta com a dura realidade dos baianos, que veem o caos da violência se agravar ano após ano. A nova publicidade acaba sendo um verdadeiro escárnio com o povo baiano. Vento, vento, vento Depois de 14 anos do anúncio oficial da ponte Salvador-Itaparica, o governador Jerônimo Rodrigues deu mais uma desculpa para tentar justificar por que nada foi feito até agora: o vento e as marés da Baía de Todos-os-Santos. Em entrevista esta semana a uma rádio de Feira de Santana, o governador afirmou que as condições climáticas de março a outubro encarecem a obra. Jerônimo Rodrigues só não disse por que a ponte não começou a ser construída em janeiro ou fevereiro, quando já estava à frente da administração estadual, ou desde que o senador Jaques Wagner anunciou o projeto, em 2009. Quem acompanha a “novela da ponte” certamente não ficará surpreso se, na próxima entrevista, Jerônimo Rodrigues responsabilizar o mar pelo fracasso do empreendimento. Oposição nacional O ex-prefeito de Salvador e presidente da Fundação Índigo, ACM Neto, iniciou uma silenciosa, porém muito significativa, movimentação nos bastidores da política de Brasília. As conversas que manteve nos últimos dias com dirigentes de PP, PL e Republicanos, além dos jantares com os governadores Romeu Zema (Minas Gerais), Tarcísio de Freitas (São Paulo) e Ronaldo Caiado (Goiás) indicam que suas apostas estão em ajudar a organizar um palanque nacional forte para 2026 no campo de oposição ao PT. Segundo interlocutores, Neto sabe que o jogo só começa pra valer após as eleições municipais, mas já vê a necessidade da construção de um bom ambiente de diálogo entre aqueles que não desejam seguir com os petistas. Nos ouvidos do MP Já chegaram no Ministério Público Federal (MPF) os comentários que circularam nos últimos dias sobre a compra e venda de rádios em Salvador. Os procuradores estão de olho nos envolvidos e nos valores das transações. Cabo de Guerra De um lado Jerônimo e Rui e do outro Jaques Wagner. No centro da disputa a indicação do presidente da Conder, Zé Trindade (PSB), para a Prefeitura de Salvador. Wagner – que tem o controle do diretório petista ca capital – ameaçou vetar Trindade. Rui e Jerônimo disseram que não aceitam. O cabo de guerra tende a tensionar mais ainda na próxima semana. Fogo amigo E dentro do governo Trindade tem um inimigo ferrenho: o vice-governador Geraldo Júnior (MDB). Em todo lugar que vai, Geraldo não poupa críticas ao presidente da Conder e já tem se mobilizado para fritar o aliado. Boi de Piranha Ao que parece, os governistas baianos ainda estão batendo cabeça quanto à sucessão em Salvador. O governador Jerônimo Rodrigues (PT) achava que iria conseguir arrumar a casa rápido com a estratégia de unificar todas as suas forças em torno de uma única candidatura. Agora, muitos já defendem que haja uma pulverização, com duas ou três candidaturas. Nessa direção, ao longo da semana, colocaram o nome do deputado estadual Niltinho como uma opção pelo Progressistas. Eles sabem que não passa de um factóide, tendo em vista que o parlamentar carece de apoio do seu próprio partido e de votos em Salvador. Bate cabeça E o bate cabeça do grupo governista também tem sido registrado no interior do estado. Enquanto no discurso os caciques pregam a união, na prática o buraco é mais embaixo. Sem levar em conta as disputas locais, o grupo petista tem encontrado dificuldade para chegar a um consenso e deve ter racha em vários municípios. A situação se agrava porque integrantes do governo estão privilegiando alguns nomes em detrimento de outros com obras e ações, o que tem provocado insatisfação de diversos setores. Freio amigo Aliados de Jerônimo veem com bons olhos o movimento de fortalecimento do Avante na Bahia, comandado pelo ex-deputado Ronaldo Carletto. Em conversas reservadas, eles confidenciaram que a articulação pode ajudar a frear o PSD nas eleições municipais, uma vez que a legenda do senador Otto Alencar já comanda mais de 100 cidades e pretende aumentar ainda mais o número de prefeituras. Alguns dos prefeitos, inclusive, negociavam também com o PSD. No outro lado, Otto já percebeu o movimento e avisou a aliados que não pretende, pelo menos por enquanto, fazer nenhuma investida. Aos amigos tudo É o caso, por exemplo, de Teixeira de Freitas, onde integrantes do primeiro escalão do governo estão priorizando o ex-deputado Uldurico Júnior (MDB) e deixando de lado outros nomes da base que pretendem entrar na disputa. Os festejos juninos, que contaram com generosa contribuição do governo, tiveram todos os méritos entregues a Uldurico, enquanto os demais ficaram à míngua e furiosos. Baile na Cultura O prefeito Bruno Reis tem dado um baile no governo do estado quando o assunto é Cultura. Na semana passada, Bruno anunciou que vai investir na requalificação do Teatro Vila Velha, um dos mais importantes equipamentos culturais do estado. Se soma a isso o apoio da prefeitura ao Balé Folclórico da Bahia e o investimentos de R$ 15 milhões para ampliação do Museu Nacional da Cultura Afro-Brasileira (Muncab), dentre outros. Enquanto isso, ali do lado do Vila Velha, o tradicional Teatro Castro Alves (TCA), que sofreu um incêndio no início do ano, vive incertezas com a inércia do governo para recuperar o espaço, cuja última grande reforma foi feita em 1993. Ao arrepio da lei Pelo menos três obras do governo da Bahia entraram na mira de auditores do Tribunal de Contas do Estado (TCE) por terem apresentado distorções e adjetivos de causar arrepios. Uma delas é a construção da maternidade de Camaçari, que foi entregue às pressas na boca da eleição do ano passado a partir de um contrato que atropelou uma série de regras previstas em lei, desde falhas na elaboração do projeto básico até a aplicação de aditivos superiores a 35%, ultrapassando o limite legal de 25%. A surpresa mesmo é que parte do acréscimo que encareceu a obra foi feito três meses depois que ela foi entregue. Resultado, a fatura saiu de R$ 40 milhões para R$ 50,6 milhões. Flagrante Em Ilhéus também houve aditivos acima do autorizado na construção da Policlínica de Saúde, mas lá eles tiveram origem numa trapalhada. A análise do solo usada no projeto de fundação na verdade se referia ao Hospital Costa do Cacau, que é vizinho da obra. Os auditores desconfiaram da alegação da Conder para mudar a modalidade da fundação e acabaram dando o flagrante. Não deu outra. “Neste contexto, fica evidenciado que a Conder, ao recorrer dos resultados encontrados na sondagem do Hospital da Costa do Cacau, tomou conhecimento da inviabilidade de se utilizar a estaca do tipo hélice contínua e, mesmo assim, acabou sendo definida na implantação da policlínica de Ilhéus”, diz o relatório da auditoria. Na mira O show de horrores também se repete nas intervenções de ampliação e reforma do Hospital Regional de Juazeiro. A execução das obras a partir de projetos desatualizados levaram os auditores, inclusive, a pontuarem que as irregularidades, na verdade, podem configurar ato doloso. Os dados vão fazer parte da prestação de contas anual da Conder e podem enquadrar a diretoria da companhia. A conferir.

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