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Bolsonaro e outros envolvidos no caso das joias chegam à PF para depor

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou, às 10h50 desta quinta-feira (31/8), à sede da Polícia Federal em Brasília para prestar depoimento sobre o caso da suposta venda ilegal das joias e presentes sauditas nos Estados Unidos (EUA). A PF convocou uma série de depoimentos simultâneos para esclarecer a participação do clã Bolsonaro e evitar a combinação de declarações dos investigados.

Além do ex-presidente Bolsonaro e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, depõem nesta quinta:

Fabio Wajngarten, advogado de Bolsonaro e ex-secretário-executivo do Ministério das Comunicações; Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro; Marcelo Câmara, assessor especial de Bolsonaro e coronel da reserva do Exército; Mauro Cesar Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro; Mauro Cesar Lourena Cid, pai de Cid e general da reserva; e Osmar Crivelatti, assessor de Bolsonaro e tenente do Exército. Bolsonaro também deporia sobre a acusação de disseminação de fake news. Na quarta (30/8), porém, a defesa do ex-presidente disse ao Metrópoles que solicitou o adiamento da oitiva — que foi aceito pelo delegado responsável pelo caso —, alegando que não foi possível terminar de ler os “autos volumosos” e que só teve acesso a eles na segunda (28/8).

O caso das joias A Operação Lucas 12:2 investiga o destino de presentes entregues ao então presidente Jair Bolsonaro durante visitas oficiais. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), os itens devem ficar no acervo da União, e não no acervo pessoal do ex-mandatário.

Veja presentes de Bolsonaro negociados pelo pai de Mauro Cid em Miami

Em 11 de agosto, aliados e auxiliares de Bolsonaro foram alvos de ação da PF no caso das joias. São eles: o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, o ex-ajudante de ordens e tenente-coronel Mauro Cid, o advogado da família Bolsonaro Frederick Wassef e o segundo-tenente Osmar Crivelatti.

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Kit de joias que teria sido vendido por Mauro Cid Reprodução

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Segundo-tenente Osmar Crivelatti Reprodução/Exército

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Fachada da Gold Grillz Miami, loja que comercializa produtos com ouro ou outros metais preciosos Reprodução

Joias de Bolsonaro

Joias foram presente da Arábia Saudita a Michelle Bolsonaro Reprodução

Joias entregues por Bolsonaro à União

Joias entregues por Bolsonaro à União Divulgação/Defesa Bolsonaro

Joias entregues ao ex-presidente Jair Bolsonaro

Estojo entregue ao ex-presidente Bolsonaro contendo kit com relógio com pulseira em couro, par de abotoaduras, caneta rosa gol, anel e um masbaha rose gold, todos da marca suíça Chopard Reprodução

Joias doadas a Michelle Bolsonaro

Receita não liberou joias trazidas ao Brasil pelo governo Bolsonaro Reprodução/Twitter do ministro Paulo Pimenta

Joias doadas a Michelle Bolsonaro

Joias foram apreendidas pela Receita Federal em São Paulo Reprodução/Twitter do ministro Paulo Pimenta

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Mauro Cid Breno Esaki/Metrópoles

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Mauro César Cid deixa rosto aparecer em reflexo de caixa com esculturas sauditas Reprodução/PF

Mauro Cid e o pai

General Mauro Lourena Cid e o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, são alvos de operação da PF nesta sexta (11/8) Reprodução

Papel dos investigados Bolsonaro e Michelle Jair Bolsonaro e Michelle A PF investiga se Jair Bolsonaro tinha conhecimento das negociações ilegais feitas por Cid, ou até mesmo se ele foi responsável por instruir os ajudantes de ordens a vender os presentes sauditas no exterior. Tanto o ex-presidente quanto Michelle tiveram a quebra do sigilo fiscal e bancário autorizado pelo ministro Alexandre de Moraes.

Confrontado com as afirmações da defesa de Cid, de que o ex-ajudante de ordens teria vendido o Rolex e repassado US$ 25 mil a Bolsonaro em espécie, o ex-presidente foi enfático: “Não mandei ninguém vender nada. Eu não recebi nada”.

Em uma viagem oficial a Londres, na Inglaterra, em setembro de 2022, a ex-primeira-dama Michelle esqueceu uma caixa de papelão com joias debaixo da cama. Os itens foram recuperados pelos auxiliares da Presidência e colocada no cofre dos ajudantes de ordens — chefiados pelo tenente-coronel Mauro Cid.

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O militar compareceu à CPMI pela primeira vez em 14 de julho, mas permaneceu calado durante o depoimento Breno Esaki/Metrópoles

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O general Lourena Cid: pai do ex-ajudante de ordens foi tragado para dentro da investigação Alesp/Divulgação

E-mails mostram que o tenente-coronel Mauro Cid negociou um relógio Rolex, de US$ 60 mil (cerca de R$ 300 mil). “Obrigado pelo interesse em vender seu Rolex. Tentei falar por telefone, mas não consegui”, diz mensagem recebida, em inglês, por Cid.

De acordo com as investigações, o pai do tenente-coronel Mauro Cid, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, se encarregou de negociar os presentes nos Estados Unidos (EUA), onde vivia.

Com auxílio de geolocalização, a PF concluiu que os kits de joias ficaram, no ano passado, na casa de Lourena, em um condomínio de alto padrão na Flórida, onde o filho fotografou os itens para negociá-los com lojas especializadas.

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O coronel Marcelo Câmara, assessor de Bolsonaro Reprodução

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Segundo-tenente Osmar Crivelatti Reprodução/Exército

Ao lado de Crivelatti, Marcelo Câmara, assessor de confiança do ex-presidente, afirmou em depoimento à PF que escalou o segundo-tenete para auxiliá-lo na tarefa de cuidar do acervo pessoal de Bolsonaro, após o término do mandato, na Fazenda Piquet.

Crivelatti teve que assinar a retirada de um Rolex ganho por Bolsonaro. O relógio, avaliado em R$ 300 mil, havia sido doado pelo rei da Arábia Saudita, Salman bin Abdul-aziz, em uma viagem oficial, e teria sido negociado pelo tenente-coronel Mauro Cid.

A dupla de militares também foi responsáveil por buscar os dois kits de joias sauditas devolvidos ao TCU. No entanto, as ações ocorreram em momentos diferentes.

Wassef Advogado Frederick Wassef Uma das peças curiosas do caso, o advogado Frederick Wassef admitiu a compra, nos Estados Unidos, do relógio Rolex que foi dado de presente pelo governo árabe a Jair Bolsonaro e vendido ilegalmente por Mauro Cesar Cid.

Wassef disse ter comprado o relógio por US$ 49 mil (quase R$ 240 mil) com o próprio dinheiro durante as “férias” para “devolver à União” por causa da decisão do TCU, que solicitou a devolução dos presentes recebidos na gestão Bolsonaro.

Ele nega que tenha havida uma “missão de resgaste” para a recompra do relógio, como suspeita a PF. “Não foi Jair Messias Bolsonaro quem me pediu ou solicitou que comprasse o Rolex”, disse.

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