São Paulo — Escolhido por Guilherme Boulos (PSol) para fazer a propaganda da sua campanha à Prefeitura da capital no ano que vem, o marqueteiro Lula Guimarães estreou batizando um programa que a equipe do deputado federal desenvolveu para receber reclamações da cidade que devem municiar o psolista no embate contra o prefeito Ricardo Nunes (MDB).
“Salve São Paulo”, que pode ser lido com ou sem vírgula, remete tanto a uma saudação (do candidato que, embora já tenha ido ao segundo turno em 2020, ainda precisa “se apresentar” ao eleitor) quanto a um pedido de ajuda para “salvar” a cidade.
As primeiras peças publicitárias com o slogan começaram a circular na última sexta-feira (15/9), com um site feito para que pessoas enviem vídeos com suas demandas ou reclamações. Para Boulos, a página expande para o ambiente virtual a peregrinação nos bairros que ele vem fazendo desde o começo do mês (e deve seguir até o fim do ano) para dialogar com as realidades locais e construir um detalhado plano de governo.
Lula Guimarães é o segundo “Lula” da campanha de Boulos. O primeiro é o presidente da República, com quem Boulos fez um acordo, no ano passado, que lhe garantiu apoio do PT na eleição — em troca, o deputado desistiu de concorrer ao governo do estado em 2022, deixando a vaga para o atual ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que terminou derrotado.
Boulos diz que já conhecia o segundo Lula havia anos e que os dois tinham afinidade. Foi o que ajudou na seleção do marqueteiro, que também contou com nomes como o de Felipe Soutello, que na campanha passada trabalhou para Simone Tebet (MDB) e terminou elogiado.
“O Guimarães é um cara com que tenho uma relação de longa data, relação pessoal, que tem identidade com a campanha que queremos construir”, disse o deputado ao Metrópoles. Na última semana, eles fecharam a parceria, que será bancada pelo PSol, com seu fundo partidário.
Apesar do apoio do primeiro Lula, que segundo a última pesquisa Datafolha é um cabo eleitoral melhor do que o ex-presidente, Jair Bolsonaro (PL), que vem em um flerte cada vez mais morno com Nunes, Boulos e seu segundo Lula traçam uma campanha que deve focar mais em questões urbanas do que ideológicas.
Boulos pretende mirar questões básicas como a falta de remédios em postos de saúde, falta de infraestrutura do setor de Transportes, suspeitas de superfaturamento em obras públicas e dificuldade para prover serviços federais na cidade como eixos da campanha contra Nunes, além de apresentar seu plano de governo que ainda está em esboço.
A nacionalização da disputa, com explorando o nome do primeiro Lula, deve ficar como munição auxiliar, a ser usada de forma mais cirúrgica, segundo aliados de Boulos. Os aliados ainda esperam contar também com a presença de Haddad na comunicação.