A oposição protocolou uma notícia-crime contra a assessora especial do Ministério da Igualdade Racial (MIR), Marcele Decothé, após publicação da profissional viralizar nas redes sociais. Na ocasião, ela teria publicado uma crítica à torcida são paulina, enquanto acompanhava a ministra Anielle Franco (PT-RJ) na final da Copa do Brasil no último domingo (24/9). O MIR já havia anunciado que investigaria o caso.
“Torcida branca, que não canta, descendente de europeu safade (sic)…”, escreveu Marcele Decothé nas redes sociais. “Pior de tudo de pauliste”, complementou a chefe da assessoria especial da ministra da Igualdade Racial.
A denúncia foi protocolada nesta terça-feira (26/9), junto ao Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) e a Polícia Civil de São Paulo (PCSP), pelo deputado federal Delegado Paulo Bilynskyj (PL-SP).
A representação ao MPSP e a PCSP afirma que houve “configuração de crime de discriminação racial”, e cobra o afastamento imediato da assessora.
“A assessora praticou discriminação por cor e procedência nacional, uma vez que afirmou que a torcida branca é descendente de europeu safado (cor e procedência nacional) e fez ainda uma relação entre eles e o fato de serem paulistas (procedência nacional)”, afirma o documento.
O documento ainda questiona o comportamento da assessora com correlação ao cargo.
“O que causa ainda mais perplexidade é o fato dela ser Assessora Especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Igualdade Racial, pasta do Poder Executivo Federal competente para planejar, coordenar e executar políticas públicas de promoção da igualdade racial e combate ao racismo em caráter nacional”, conclui o documento.
Entenda o caso de Anielle Franco e assessoras Desde o começo da semana a ministra Anielle Franco tem enfrentado ataques da oposição. No último domingo (24/9), os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) acusaram a ministra de utilizar um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para assistir à final da Copa do Brasil, onde os times Flamengo e São Paulo disputavam a taça do brasileirão, cuja vitória foi do time paulista.
Anielle, inclusive, se defendeu na última segunda-feira (25/9). “Importante reconhecer que práticas de desinformação, manipulação da verdade e a divulgação de noticias falsas configuraram violência política de Gênero e Raça, na tentativa de impedir o nosso trabalho. Não são ataques à este ministério ou a mim, mas ao povo brasileiro”, publicou a ministra nas redes sociais. Veja o pronunciamento completo:
É inacreditável que uma ministra seja questionada por ir fazer o seu trabalho de combate ao racismo e cumprir o seu dever. Vemos que as noções estão invertidas quando avançamos em um acordo histórico de enfrentamento ao racismo e somos criticados por isso. O que de fato incomoda?
— Anielle Franco (@aniellefranco) September 25, 2023
Em agosto deste ano, o Ministério do Esporte (ME) e o MIR haviam divulgado um relatório sobre racismo em esportes. O relatório elaborava um plano de ação do Governo Federal para combater o racismo no esporte.
Poucas horas depois, o alvo passou a ser a assessora de Anielle, Marcele Decothé, que é flamenguista, e a acompanhou no evento.