Regime de Nicolás Maduro determinou expulsão de escritório das Nações Unidas em Caracas após críticas a programa de alimentação
CLÁUDIO REIS/ENQUADRAR/ESTADÃO CONTEÚDO – 29/05/2023
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, recebe o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, no Palácio do Planalto, em Brasília
Após criticar a resposta de Israel ao ataque do Hamas no Oriente Médio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) preferiu não comentar outro assunto internacional que vem repercutindo mundo afora. Questionado sobre a expulsão do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos de Caracas, na Venezuela, o petista afirmou que não tem “as informações do que está acontecendo” no país vizinho. A atitude do governo ditatorial de Nicolás Maduro foi repudiada por Argentina, Costa Rica, Equador, Paraguai e Uruguai, em comunicado conjunto. O ex-presidente uruguaio José Mujica, referência da esquerda latino-americana, chamou Maduro de “autoritário”
A atitude de Maduro foi uma resposta às críticas de Michael Fakhri, relator especial da ONU sobre o direito à alimentação. Após visita à Venezuela, ele publicou que “o programa de alimentação do governo não aborda as causas fundamentais da fome e é suscetível a influências políticas”. O regime venezuelano deu 72 horas para todas as pessoas que trabalham no escritório da ONU em caracas deixem o país. Vale ressaltar que neste ano será realizada uma nova eleição presidencial, como ficou determinado em acordo assinado pelo governo e a posição em Barbados, no ano passado.
O silêncio de Lula sobre a Venezuela gerou polêmica, sobretudo porque ocorreu no mesmo dia em que o petista de um uma forte declaração sobre a guerra no Oriente Médio. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existiu em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu quando Hitler resolveu matar os judeus”, disse o presidente brasileiro, que está na África. Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, disse que o Lula “cruzou a linha vermelha” e anunciou que vai convocar o embaixador do Brasil em seu país para uma “dura conversa”.
A proximidade com o ditador venezuelano já havia arranhado a imagem do Palácio do Planalto em dois momentos durante o primeiro ano do governo Lula. Em maio de 2023, Maduro foi recebido com pompas em Brasília para um encontro entre líderes sul-americanos. Além disso, o petista chamou de “narrativa” as denúncias de violação dos direitos humanos na Venezuela e foi criticado pelos presidentes do Chile, Guilherme Boric, e do Uruguai, Luis Lacalle Pou. Em dezembro, o chefe do Executivo Brasileiro se ofereceu para mediar a disputa territorial entre Venezuela e Guiana, mas não comentou ameaça de invasão venezuelana ao território da Guiana