InícioNotíciasPolíticaLeilão de trem SP-Campinas testa eficácia de “roadshow” de Tarcísio

Leilão de trem SP-Campinas testa eficácia de “roadshow” de Tarcísio

São Paulo — Pouco mais de duas semanas após fazer um tour europeu para apresentar seu plano de privatizações a empresas estrangeiras, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) faz, na tarde desta quinta-feira (29/2), o leilão da concessão patrocinada do trem intercidades, um projeto prometido há décadas para ligar São Paulo a Campinas, no interior paulista, em 64 minutos.

O leilão na B3, a bolsa de valores brasileira, testará a eficácia do “roadshow” feito por Tarcísio, que passou por Espanha, Itália e França. Na última vez em que esteve na B3, em março do ano passado, no leilão do contrato para retomada da obras do Trecho Norte do Rodoanel, o governador deu uma série de marteladas que derrubou o símbolo da bolsa do púlpito do leiloeiro e virou a imagem de seu primeiro ano de governo.

Desta vez, o contrato a ser oferecido ao mercado vai escolher uma empresa interessada a construir e operar a ligação direta entre São Paulo e Campinas, por meio de Parceria Público Privada (PPP), com um serviço de trens também entre Campinas e Jundiaí e outro que ficará no lugar a atual Linha 7-Rubi da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), que será privatizada.

O projeto todo tem um custo estimado em R$ 13,5 bilhões. O Estado vai arcar com R$ 8,5 bilhões e contará com aporte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em uma das parcerias da gestão Tarcísio com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O parceiro privado vai arcar com os R$ 5 bilhões restantes. Vence a licitação a empresa que pedir a menor contrapartida do poder público para custear a operação dos trens ao longo dos 30 anos de concessão.

Participação internacional Dentro do governo, técnicos esperam que grupos nacionais, como a CCR, que já opera linhas de trens e metrôs, além de rodovias, seja um dos interessados. Também há expectativa pelo interesse entre de empresários chineses.

A dúvida, contudo, está justamente sobre a presença de europeus no leilão, mesmo após o “roadshow” de Tarcísio, que visitou empresas de infraestrutura na Europa no começo de fevereiro.

O governador conversou com executivos das empresas espanholas Sacyr e Acciona, que já tem a concessão da futura Linha 6-Laranja do Metrô, da italiana Ghella, que está nas obras de expansão da Linha 2-Verde, e da francesa Keolis, que opera a Gare du Bourget, estação de trem no nordeste de París, também visitada por Tarcísio.

Além do trem intercidades, o governo vem estudando formas de privatização do Metrô que possibilitem a construção da Linha 20-Rosa, um novo ramal que sairia da zona oeste da capital, atenderia a região da Avenida Brigadeiro Faria Lima, centro financeiro do país, e seguiria até a região do ABC paulista, na Grande São Paulo.

O governo está oferecendo vantagens às empresas interessadas que incluem até a garantia de 90% da receita tarifária prevista para o projeto, que prevê uma demanda diária de 60 mil pessoas. Mesmo assim, técnicos têm dúvidas de que empresas europeias participem da empreitada porque os valores pagos serão em reais, moeda mais desvalorizada do que o euro.

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O governador Tarcísio de Freitas, durante balanço de fim de ano, em 2023 Francisco Cepeda/Governo do Estado de SP

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Tarcísio e seu padrinho político, Jair Bolsonaro Allan Santos/ PR

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Tarcísio assina acordo com o presidente Lula e o vice, Geraldo Alckmnin Ricardo Stuckert / PR

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Tarcísio de Freitas dá início à operação do Tatuzão nas obra da Linha 2-Verde do Metrô de São Paulo Francisco Cepeda/Governo de SP

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Tarcísio e o prefeito da capital, Ricardo Nunes Gildson Di Souza/Prefeitura de São Paulo

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Tarcísio de Freitas, na B3, durante leilão do Trecho Norte do Rodoanel Governo do Estado de São Paulo

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Tarcísio de Freitas participa da Marcha para Jesus em São Paulo Fabio Vieira/Metrópoles

O leilão do trem São Paulo-Campinas estava marcado para ocorrer em novembro do ano passado. Mas a possibilidade de que o projeto não tivesse interessados fez o governo adiar o processo para agora e inserir mudanças na proposta, entre elas, o aumento em mais de R$ 2 bilhões na parcela que o poder público injetará no projeto.

Outra alteração feita é que, na primeira versão, o projeto previa uma tarifa de R$ 64 no trecho entre a capital e Campinas — valor que poderia ser até maior do que os custos de uma viagem feita de carro e mais caro do que uma passagem de ônibus. Agora, a empresa vai cobrar uma tarifa média de R$ 50 — ela poderá vender passagens mais baratas para datas futuras e mais caras para viagens no mesmo dia, como fazem as companhias aéreas.

Quando a nova ligação entre as duas cidades estiver pronta, a expectativa é que a viagem de trem a capital paulista e Campinas seja feita em 64 minutos, com uma frota de 15 veículos. O trem terá velocidade máxima de 150 km/h — e média de 96 km/h. De acordo com o edital, a previsão é que o trem intercidades fique pronto em 2031.

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