São Paulo — Um suposto confronto envolvendo policiais militares terminou com dois suspeitos mortos na tarde desta segunda-feira (11/3), em São Vicente, no litoral de SP. Dessa forma, a Operação Verão da PM chega a 42 mortos desde o dia de 3 fevereiro. A ação é alvo de críticas e denúncias por parte da Ouvidoria e de entidades de defesa dos direitos humanos pela alta letalidade.
Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP), as mortes aconteceram às 17h25, desta segunda, no Dique de Sambaituba. A PM relata que integrantes do Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep) se envolveram em suposto confronto com criminosos.
“A equipe policial não se feriu. Dois criminosos foram alvejados, socorridos ao PS [Pronto-Socorro] Central da cidade, e após procedimentos médicos, tiveram o óbito constatado”, diz, em nota. Segundo a PM, detalhes adicionais serão fornecidos posteriormente.
As 42 mortes da Operação Verão aconteceram após o assassinato do soldado Samuel Wesley Cosmo, das Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (Rota), em 2 de fevereiro, em Santos. Nesta segunda, o homem acusado de matar o PM foi denunciado pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP).
A operação na Baixada Santista é alvo de denúncias feitas pela Ouvidoria da Polícia e por entidades de defesa dos direitos humanos. No último dia 28, há duas semanas, o MPSP recebeu um relatório apontando uma série de violações e indícios de execuções sumárias cometidas por policiais.
Na semana passada, foram coletados novos relatos de abusos cometidos pelas forças de segurança do estado. Além das execuções, moradores de comunidades que são alvo da Operação Verão apontaram invasão de velório, intimidação e pessoas já mortas sendo levadas para suposto socorro em unidades de saúde como se estivessem vivas — isso dificultaria o trabalho de perícia no local dos supostos confrontos.
Na última sexta-feira (8/3), o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi denunciado ao Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU). Como resposta, ele disse que não está “nem aí“. “Sinceramente, nós temos muita tranquilidade em relação ao que está sendo feito. E aí, o pessoal pode ir na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta, e eu não estou nem aí”, disse Tarcísio.
Sempre que questionada, a SSP diz que os casos de Morte Decorrente de Intervenção Policial (MDIP) são consequência direta da reação violenta de criminosos à ação da polícia no combate ao crime organizado. “A opção pelo confronto é sempre do suspeito, colocando em risco a vida do policial e da população”, diz.