Durante um encontro com jornalistas latino-americanos em Kiev, na Ucrânia, o presidente do país, Volodymyr Zelensky, voltou a mostrar uma posição crítica sobre a relação entre Rússia e Brasil. E questiona os posicionamentos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva diante da gestão de Vladimir Putin.
“Como se pode priorizar a aliança com um agressor?”, perguntou, retoricamente.
O ucraniano segue tentando apoio internacional diante da invasão russa ao país. E sabe que ter o Brasil a seu lado teria um peso enorme.
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Volodymyr Olexandrovytch Zelensky dominou os noticiários mundiais devido ao conflito entre Rússia e Ucrânia. Ator, comediante, roteirista e produtor, Zelensky é também presidente do país ucraniano desde 2019 NurPhoto /Guetty Images
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Filho de pais judeus, Volodymyr iniciou na carreira artística aos 17 anos. Formado em direito pela Universidade Nacional Econômica de Kiev, Zelensky nunca chegou a atuar na área. Apesar de ter discurso forte e boa atuação no centro de conflitos, o atual presidente ficou conhecido pelo povo ucraniano após interpretar o personagem principal da série Servo do Povo NurPhoto /Guetty Images
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No programa ucraniano de sátira, Volodymyr interpretava um professor de história, com cerca de 30 anos, grosso e revoltado, e se tornou viral após fazer um vídeo contra a corrupção Anna Moneymaker /Guetty Images
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O personagem, portanto, acabou se transportando para a realidade. Nas eleições da Ucrânia, o comediante recebeu 73% dos votos no segundo turno. Ele derrotou o então presidente, Petro Poroshenko Anna Moneymaker /Guetty Images
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Inclusive, o partido político de Zelensky foi criado com base no programa de TV Servo do Povo. Durante a corrida presidencial, no entanto, o bacharel em direito foi visto com descaso pela oposição e com desconfiança no cenário internacional devido à sua origem fora da política Chris McGrath /Guetty Images
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Surpreendendo a todos, ao assumir o governo do país, ele realizou mudanças inesperadas. Dissolveu o parlamento e prometeu manter o diálogo com a Rússia a fim de resolver os conflitos separatistas Pool /Guetty Images
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Casado com Olena Zelensky e pais de dois filhos, atualmente Volodymyr está no centro da crise mundial Pool /Guetty Images
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Em 24 de fevereiro, colocou a Ucrânia sob lei marcial, que suspende uma série de direitos e dá mais poder ao governo para tomar decisões emergenciais exigidas por uma situação como a invasão de um país. Ele também anunciou uma coalizão militar internacional contra o presidente Vladimir Putin, após a Rússia invadir o país do Leste Europeu Pool /Guetty Images
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“Para defender a nossa soberania, cada cidadão da Ucrânia deve decidir o futuro de nosso povo. Qualquer pessoa com experiência militar que puder ajudar na defesa da Ucrânia deve se reportar aos postos militares”, ordenou Pool /Guetty Images
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Apesar da falta de experiência, Zelensky conquistou o respeito da maior parte do povo ucraniano e dos demais administradores do país Pool /Guetty Images
“O Brasil deve estar do nosso lado e dar um ultimato ao agressor. Por que temos de voltar a repetir estas coisas? Pela memória histórica, por temas econômicos? A economia é importante até que chega uma guerra, e quando a guerra chega os valores mudam”, afirmou, em conversa reproduzida pelo O Globo.
Para o presidente ucraniano, esses “valores” não podem mais permenecer durante uma guerra. “Pesam mais as crianças, a família, a vida, só depois está o comércio com a Federação Russa”, continuou.
Zelensky fala de cúpula de paz O ucraniano dispara sua metralhadora verbal ao lembrar que não há a confirmação do Brasil em uma cúpula de paz que será realizada em junho na Suíça. Os brasileiros explicam que qualquer conversa sobre o fim da guerra precisa ter a participação russa.
“A última sinalização é de que Brasil e China estariam dispostos a participar se a Rússia participar [da cúpula]. Mas a Rússia nos atacou. Por acaso o Brasil está mais próximo da Rússia do que da Ucrânia? A Rússia é hoje um país terrorista”, atira.
E não para de criticar a aliança Brasil-Rússia. Para ele, Lula deveria se preocupar muito mais com os países latino-americanos e que um bloco forte por aqui seria mais importante para o governo brasileiro do que qualquer relação com os russos.
“Não tive uma declaração conjunta com o presidente Lula, ou entre Ucrânia e Brasil… por que é assim, se nós somos os atacados?”, continua a questionar. Por fim, a primeira-dama Olena, presente no encontro, faz um convite direto: “Convido o presidente Lula para que participe da cúpula da paz [na Suíça]. Seria uma oportunidade de renovar relações acidentadas”.