São Paulo – Edna Oliveira dos Santos, a mulher citada como “laranja” em repasse de parte do dinheiro recebido pelo intermediário do contrato entre VaideBet e o Corinthians, deve processar o clube paulista por danos morais.
A informação foi confirmada pelos advogados Walkir Patucci Neto e William R. Marroco, que a representam no caso.
Edna prestou depoimento à polícia nesta terça-feira (11/6), no 1º DP de Peruíbe, no litoral de São Paulo, onde reside.
De acordo com o delegado Tiago Fernando Correia, da Delegacia de Investigações sobre Lavagem ou Ocultação de Bens e Valores, responsável pela investigação, a mulher disse que não tem nenhuma relação com o caso.
“Ela confirmou nossas suspeitas iniciais: negou de maneira incisiva qualquer relação tanto com a empresa Neoway como com a outra empresa que foi constituída em nome dela. Ela desconhece qualquer tipo de relacionamento ou ligação com essas pessoas citadas na investigação”.
Após o depoimento, os advogados de Edna revelaram a intenção de processar o Corinthians por danos morais. Ela foi a primeira testemunha ouvida sobre o caso.
Os representantes legais da suposta vítima ainda aguardam os desdobramentos da investigação, mas têm a intenção de ajudar Edna a ser indenizada.
“Agora é acreditar no trabalho da Polícia, pois o doutor Thiago está fazendo um trabalho incrível, com as ferramentas que lhe são disponibilizadas, e concomitantemente com a ação criminal, que será levada a efeito pelo Ministério Público, também haverá uma ação cível, não só em relação a intermediário, mas também em relação ao Corinthians”, disse Walkir Patucci.
Porém, ainda segundo os advogados, a prioridade é manter o benefício do Bolsa Família, que é a única fonte de renda da mulher, que vive em uma casa humilde em Peruíbe.
O caso VaideBet e Corinthians romperam o contrato na última sexta-feira (7/6), cinco meses depois de celebrarem o que chamaram de maior acordo de patrocínio do futebol brasileiro.
A crise entre clube e patrocinador foi instaurada no dia 27 de maio, quando a empresa notificou o clube extrajudicialmente pedindo esclarecimento em torno de notícias que envolviam um possível repasse de parte comissão do intermediário para um “laranja”.
O contrato firmado previa R$ 370 milhões ao clube e era válido até o fim de 2026.
O Corinthians pagou a comissão para a empresa Rede Social, de Alex Cassundé, apoiador do presidente Augusto Melo nas eleições. A Redes Social pagou pouco mais de R$ 1 milhão em duas transferências para a Neoway Soluções, empresa de fachada, que está no nome de Edna Oliveira dos Santos, que nem sequer saberia da existência da mesma.
Até o encerramento do acordo, duas parcelas de R$ 700 mil foram repassadas pelo clube para o intermediário que está registrado no contrato de patrocínio.
A notícia não agradou à VaideBet, que entendeu ter a imagem prejudicada com as inúmeras especulações em torno do contrato com o Corinthians, que nega qualquer envolvimento em esquema de corrupção.
Em nota, o Corinthians afirmou que “todas as negociações, incluindo patrocínios, se deram de forma legal com empresas regularmente constituídas” e que o clube “não guarda responsabilidade sobre eventuais repasses de valores a terceiros”. “Caso sejam apresentadas quaisquer provas de ilícitos, estes serão discutidos junto ao Conselho Deliberativo para providências que se fizerem necessárias”, disse.
Quando o caso veio à tona, a Vai de Bet afirmou que “foi contatada por um agente intermediário sobre a possibilidade de se firmar um acordo para patrocínio master do Corinthians e foi conduzida pelo referido interveniente até a diretoria do clube para o início das negociações”.
“Nunca houve contato com qualquer outra empresa a respeito da negociação para o acordo de patrocínio”, afirmou a casa de apostas. A empresa disse ainda que pediu informações ao Corinthians sobre o caso e que “observa com atenção os desdobramentos do atual cenário e avalia os próximos passos”.
A empresa ativou uma cláusula anticorrupção e rescindiu o contrato.