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Laudos de câncer atrasados chegam a 1 mil e HUB pede ajuda a hospitais

A Divisão de Apoio Diagnóstico e Terapêutico (DADT) do Hospital Universitário de Brasília (HUB-UnB) solicitou apoio de outros hospitais universitários federais, na área de anatomia patológica, para ajudar na demanda acumulada de exames dos pacientes com suspeita de câncer que aguardam laudo. A justificativa para o atraso seria a quantidade insuficiente de médicos no setor.

Inicialmente, o Metrópoles havia revelado que mais de 450 exames estavam sem laudo há meses devido a uma crise a Unidade de Laboratório de Anatomia Patológica (UAPAT). Porém, a reportagem apurou que, na realidade, o setor possui mais de 1 mil casos represados.

A anatomia patológica consiste na análise de órgãos, tecidos e células, desempenhando um papel crucial no diagnóstico, tratamento, prognóstico e prevenção de doenças, incluindo o câncer. Após a coleta, como uma biópsia, por exemplo, o material é encaminhado à UAPAT do HUB, onde é examinado por um médico patologista.

Em despacho assinado nessa terça-feira (16/9), o chefe substituto da DADT informou que o acúmulo de exames na unidade deve-se a exoneração a pedido de patologistas e o aumento da demanda interna e local, o qual a equipe de patologistas atual tem priorizado os casos de urgência e, principalmente, os oncológicos.

“Atualmente contamos com mais de 1.000 casos represados, gerando o atraso na entrega do laudo entre 60 a 90 dias, posto isso, o Hospital Universitário de Brasília disponibilizará toda estrutura tecnológica para viabilidade do compartilhamento do Serviço Assistencial”, informou o chefe substituto no documento.

No documento, o representante da divisão afirma que o HUB, com apoio da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), tem somado esforços para reduzir a demanda reprimida de exames no setor.

“O HUB com o apoio da sede da Ebserh, somam esforços para reduzir o déficit do atendimento da demanda, com o pagamento de horas extras, aumento da carga horária com aditivo ao contrato de trabalho e nomeações em concurso público, porém, neste ultimo sem adesão pelos profissionais aprovados (patologistas)”, frisou.

Atraso para liberação de exames De acordo com servidores ouvidos pela reportagem, a demora para liberação dos exames tem sido maior que três meses, o que está em desacordo com o que prevê a legislação. A Lei Nº 13.896, de outubro de 2019, garante aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), com suspeita de câncer, o direito a biópsia no prazo máximo de 30 dias, contados a partir do pedido médico.

A crise diante dos atrasos para liberação dos laudos preocupa a equipe que trabalha no setor, visto que é por meio do exame imuno-histoquímico que o médico oncologista determinará, conforme protocolos científicos, qual o tipo de tratamento mais adequado a ser utilizado para o paciente com diagnóstico de câncer.

“Sem os resultados dos exames anatomopatológicos e imuno-histoquímicos, que confirmam o diagnóstico de câncer, o paciente acaba sendo prejudicado, retardando ainda mais o combate contra o câncer frente à demora para dar início ao tratamento oncológico. Diversos pacientes estão morrendo, à míngua, sem chance alguma de receber ao menos um tratamento digno contra o câncer. Simplesmente porque o resultado dos exames, com atraso de liberação superior a três meses – quando liberados – já ocorre tardiamente”, explicou uma fonte do HUB ouvida pelo Metrópoles.

Déficit de médicos Segundo a equipe, o atraso para liberação do resultado dos exames é reflexo do déficit de médicos patologistas na unidade, que são os responsáveis por produzir os laudos. Atualmente, o setor conta apenas com seis especialistas na área, quantidade insuficiente para manutenção das atividades médicas previstas para o setor.

Dos médicos lotados na unidade, quatro são contratados pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) e dois são vinculados à Fundação Universidade de Brasília (FUB). No entanto, atualmente apenas quatro estão trabalhando, visto que um entrou de férias e outro está de atestado.

Em abril deste ano, a EBSERH, responsável pela gestão do hospital universitário, realizou a primeira convocação de profissionais do concurso público mais recente, contratando apenas uma médica patologista.

Entretanto, após ocupar o cargo por dois meses, ela solicitou exoneração. Desde então, não houve novas contratações de médicos para a unidade. No certame, foram aprovados 16 médicos da especialidade para cadastro reserva.

“Diariamente entram novos exames no setor, e a prioridade são os mais antigos. Somente o HUB faz exames de imuno-histoquímica para toda rede pública do Distrito Federal. Muitas vezes, quando o médico faz uma biópsia de mama, por exemplo, aconselha a paciente a fazer no particular, por conta da demora. Um exame que custa em torno de R$ 2 mil”, detalha um servidor que prefere não se identificar.

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