A polêmica envolvendo o acesso ao tão requisitado curso de medicina por meio de transição do Bacharelado Interdisciplinar de Saúde da Universidade Federal ganhou novas atualizações na última quarta-feira (9). Isso porque, o Conselho Acadêmico de Ensino (CAE) anunciou a retirada de medicina do programa de transferência do BI durante os 3 próximos anos.
A medida que iria começar a valer no próximo ano, iria impossibilitar que novos e antigos estudantes do BI conseguissem ingressar em medicina por meio de transferência interna. Com isso, estudantes que desejam se tornar médicos só poderiam conseguir estudar para a profissão através de aprovação do Sistema de Seleção Unificada (SISU).
Por meio de nota publicada, o Instituto de Humanidades, Artes & Ciências (IHAC) da UFBA se pronunciou sobre o assunto e repudiou a medida. Segundo o órgão, a decisão desconsiderou a “Procuradoria Federal junto à UFBA face à consulta do IHAC se caberia ao CAE legislar sobre a saída de um curso do processo BI-CPL”.
O IHAC revelou ainda que vai recorrer a ação “buscando ampliar o debate e encontrar alternativas que minimizem os impactos dos processos judiciais e os ingressos por judicialização no curso de Medicina, sem comprometer o projeto dos Bacharelados Interdisciplinares (BI).”
“ […]Para nós do IHAC, representa uma medida equivocada, que afeta o projeto do regime de ciclos e dos bacharelados interdisciplinares como um todo. Considerando a delicadeza do tema e a própria resolução do CONSEPE de 2008, estávamos solicitando que a discussão sobre a entrada de estudantes por processo judicial no curso de Medicina ocorresse sem atropelamento para que pudéssemos, coletivamente, encontrar alternativas ao problema em destaque”, completou o órgão em outro trecho.
Nas redes sociais, estudantes se pronunciaram e protestaram contra o anúncio.
“Os BIs são uma grande porta de entrada para a universidade, sobretudo para estudantes oriundos de colégio público, pretos, periféricos. Não entender a importância dessa modalidade só reforça o quanto alguns posicionamentos reforçam o retrocesso e exclusão de pessoas e sonhos e do acesso à educação de qualidade, mudança de vida, esperança de dias melhores e recomeços. Desvincular o BI como possibilidade de acesso a Medicina , demostra que mesmo inseridos no saber acadêmico e vivenciando a diversidade que é a Universidade Pública, ainda assim, as raízes dos privilégios são fomentados por muito que deferiam defender a isonomia de oportunidades”, disse uma estudante.
“Isso é um absurdo gigante!!!! Retrocesso absurdo!”, afirmou outra discente.
A reportagem do Bahia Notícias procurou a UFBA, que não se pronunciou sobre o assunto, já que segundo a assessoria de imprensa, que a medida está sendo discutida.