Os Estados Unidos emitiram um alerta nesta sexta-feira (6) para que seus cidadãos deixem a Síria imediatamente, enquanto ainda há voos comerciais disponíveis. O Departamento de Estado justificou o apelo com base nas condições de segurança “voláteis e imprevisíveis”, marcadas por confrontos intensos entre grupos armados ao longo do território sírio. O aviso coincide com uma ofensiva relâmpago dos rebeldes islamistas contra o regime do presidente Bashar al-Assad. Desde o início da operação em 27 de novembro, insurgentes liderados pelo grupo Hayat Tahrir al Sham (HTS) capturaram cidades estratégicas como Alepo, Hama e partes da província de Homs, aproximando-se da capital, Damasco.
O HTS, classificado como organização terrorista pela ONU e por países como os EUA, declarou que seu objetivo é “derrubar o regime” de Assad. O líder do grupo, Abu Mohammad al-Jolani, afirmou que usarão “todos os meios disponíveis” para atingir essa meta. A ofensiva já resultou na morte de mais de 800 pessoas, incluindo mais de 100 civis, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).
Bombardeios das forças sírias e russas tentam conter o avanço insurgente, mas posições estratégicas continuam a ser tomadas pelos rebeldes. Em Homs, por exemplo, as forças do regime recuaram, enquanto milhares de moradores, especialmente da comunidade alauita, fugiram para a costa mediterrânea. A crise gerou mais de 370 mil deslocados, de acordo com a ONU, a maioria mulheres e crianças. Em Sweida, funcionários do regime abandonaram edifícios administrativos, e em Hama, moradores derrubaram estátuas do ex-presidente Hafez al-Assad, pai de Bashar.
O avanço rebelde reacendeu preocupações regionais. A Rússia, principal aliada de Assad, instou seus cidadãos a deixarem a Síria e intensificou sua assistência militar ao governo. O Irã, outro aliado do regime, classificou a ofensiva como uma ameaça à estabilidade da região. Por outro lado, a Turquia expressou apoio aos rebeldes. O presidente Recep Tayyip Erdogan declarou desejar que o avanço opositor continue “sem incidentes”.
Enquanto isso, as Forças Democráticas Sírias (FDS), lideradas por curdos, começaram a ocupar áreas abandonadas pelo governo. O líder das FDS, Mazlum Abdi, destacou que o cenário atual representa uma “nova realidade política e militar” no país e indicou abertura para diálogo com rebeldes e até com a Turquia. A Síria vive em guerra civil desde 2011, com mais de 500 mil mortos e o país dividido em zonas controladas por diferentes facções, cada uma apoiada por potências estrangeiras. A recente ofensiva rebelde é a mais significativa desde 2020, marcando uma escalada no conflito e aumentando a instabilidade no Oriente Médio.
*Com informações da AFP
Publicado por Felipe Cerqueira