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A força de Mãe Hilda Jitolú do Ilê Aiyê para criação do 1º bloco negro no Carnaval

Conhecido como O Mais Belo dos Belos, o Ilê Aiyê vai comemorar seus 49 anos (ele foi fundado em 1974) mas desfilou pela primeira vez em 1975. No Carnaval o bloco afro homenageia o centenário de Agostinho Neto. O médico, escritor e político angolano foi presidente do Movimento Popular de Libertação de Angola e responsável pela libertação do povo angolano. Carinhosamente, é conhecido por todos como Manguxi, o pai da nação angolana que, em 2023, completaria 100 anos.

Em paralelo ao tema oficial outra personalidade de fundamental importância para o Ilê Aiyê que também comemoraria 100 anos em 2023, será lembrada durante todos os dias em que o mais Belo dos Belos desfilar pelas ruas de Salvador. Seu nome: Mãe Hilda Jitolu que foi reverenciada durante a realização da Noite da Beleza Negra.

Hilda Dias dos Santos, mais conhecida como Mãe Hilda Jitolú ou simplesmente Mãe Hilda nascida em Salvador no dia 6 de janeiro de 1923 num lugar chamado Quinta das Beatas, hoje conhecido como Cosme de Faria e morreu em Lauro de Freitras dia 19 de setembro, foi uma respeitada e admirada Ialorixá  do candomblé Jeje, educadora e defensora da identidade afro-descendente, uma das mentoras do Ilê Aiyê.

Por tudo que ela significa, seu filho e fundador do Ilê Aiyê, Antonio Carlos dos Santos, mais conhecido como Vovô do Ilê vai prestar nova homenagem no dia da saída do Ilê do Curuzu. Ao mesmo tempo serão lembrados os 30 anos da Banda Erê formada por crianças das comunidades periféricas de Salvador que são iniciadas na música. Em conversa com o Baú do Marrom, Vovô comentou sobre a matriarca:

“Mãe Hilda foi de uma importância total. Se não fosse ela que encampasse a ideia do Bloco, cedendo o Barracão do Terreiro ilê Axé Jitolu o Ilê Aiyê não teria existido. Tudo era feito lá. E Mãe Hilda ficava atenta a tudo que acontecia no local. Quando se cantava alguma música fora do contexto, ela falava: chame Antônio ali, e eu tomava um grande esporro, lembra Vovô demonstrando o grande respeito que tinha pela matriarca.

Outra característica importante de Mãe Hilda é lembrada por Vovô: “quando a gente desfilou pela primeira vez em 1975, eram tempos de Ditadura. E a gente não sabia como as coisas aconteciam. Fomos criticados por um jornal local que nos acusou de racista. Ao saber dos perigos que a gente podia correr ela falou: se meus filhos forem presos eu vou também”.

Ritual de Mãe Hila soltando a pomba na saída do Ilê do Curuzu (Foto: Marina Silva – Arquivo do Correio)

A força de Mãe Hilda Jitolu é tamanha que até 2009 quando morreu, era ela que ao lado da filha irmã Hildelice, dava o axé para o Ilê Aiyê subir a ladeira do Curuzu “Quem é que sobe a ladeira do Curuzu”. A matriarca sempre esteve presente e era uma força muito grande. “Agora quem comanda o ritual da nossa saída no Curuzu é minha irmã Hildelice, concluiu Vovô do Ilê.

O Carnaval 2023 do Ilê Aiyê começa no sábado quando acontece a tradicional e concorrida saída do bloco no Curuzu. O ritual de fé abre caminhos e abençoa o Ilê Aiyê, tendo à frente a ialorixá do terreiro Ilê Axé Jitolu, Hildelice Benta dos Santos. Terá cânticos para os orixás e a percussão dos tambores subindo a ladeira. Também não faltarão as bacias de milho, pipoca e pó de pemba para pedir boas energias e um grande Carnaval a Oxalá e Obaluaê. As pombas brancas são uma beleza à parte, também dedicadas a Oxalá.  

A saída do Mais Belo dos Belos também marca o início do reinado de Dalila Oliveira, Deusa do Ébano 2023. Ao seu lado, as princesas eleitas na Noite da Beleza Negra, Carol Xavier e Larissa Valéria. Nos vocais, estarão Jauncy Oju Bará, Valter França, Juarez Mesquita, Iana Marucha e Graça Onasilê, que se revezam nos dias de desfile.

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 Vovô do Ilê Aiyê (Foto: Divulgação)

No sábado (18) depois do tradicional ritual na saída do bloco no Circuito Mãe Hilda, na Ladeira do Curuzu, o trio do Ilê Aiyê segue em festa para o Plano Inclinado da Liberdade. De lá, os associados fazem uma pausa até se encontrarem novamente horas depois no Corredor da Vitória, onde a entidade inicia o seu primeiro desfile em circuito oficial, o Osmar Macêdo (Campo Grande – Avenida) às 2h do domingo, em direção à Praça da Piedade.

Na segunda-feira (20) comandado pelo som marcante da Band’Aiyê, o bloco sai acompanhado de um cortejo comemorativo ao tema do Carnaval, com destaque para o carro que se transforma em um verdadeiro altar para a rainhas e princesas recém-eleitas.

Na terça-feira, o dia é dedicado ao folião pipoca. O Ilê Aiyê faz seu Carnaval  à tarde também no Circuito Osmar Macêdo (Campo Grande- Avenida) encerrando a folia e já pensando nos 50 anos de fundação em 2024.

O Correio Folia tem patrocínio da Clínica Delfin, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador e apoio da Jotagê e AJL.

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