Agonia da Cor – II

O pintor pode mudar sua paleta? Sim, desde que apresente novas coerências para esse novo caminho. A cor pura pode ser um idioleto, um alfabeto visual. A cor é uma agonia. Colocada na tela a primeira, as subsequentes devem obedecer a um tonário e um afinador. Não há nada pior para um pintor do que os desencontros dos seus tons e subtons.  

As aproximações é que fazem o segredo. A cor é o primeiro contato com o quadro. O primeiro recado. A primeira anunciação. A cor é luz. Só há cor se houver luz. Nas variações de luz, a cor muda seus aspectos intrínsecos, já altera a mensagem visual. A cor é uma agonia, um processo de aflição que só passa com o enfrentamento, com as pesquisas pessoais e intransferíveis, até o pintor, em calmaria, se dá por satisfeito.  

A cor busca diálogo de luzes. Cada artista tem sua visão cromática do mundo. A busca da cor é uma obsessão iluminada. No resultado final a cor deve ser pensada, vinda de constantes manipulações. Para se ter uma cor original, o pintor deve retirar da sua paleta o preto, o branco e  o cinza. São “não cores” que “sujam” a massa corante. O processo deve ser mais ou menos assim: tomemos um azul saído do tubo e a ele vamos juntando outras cores, até a retina sentir-se confortável com o novo tom. Aí está sua cor. E assim sucessivamente com todas as cores, buscar pormenores. Há um relativismo sensorial, uma aprendizagem que se faz com experimentações e treinamento. 

Tudo na vida é treinamento, como as pesquisas de Israel Pedrosa (galeria acima). Com as misturas em maior ou menor quantidade, devemos ter o cuidado da cor não perder sua alma. A cor tem fome de existir como vetor único e intransferível. O artista é um pensador visual. A cor é como a escala musical, tem sete notas e se pode fazer com elas, qualquer música que se pense. As cores primárias são vermelho, amarelo e azul, que não se decompõem e misturadas em proporções variáveis, produzem todas as cores que existem.

A cor é uma sensação que nossa mente processa de acordo com seu sistema de pensamento e aferições. A vocação para a cor é endógena. O artista deve ser um navegante da cor. A cor pode expressar aspectos dinâmicos da cultura de seu tempo e localizações geográficas. A cor tem poder localizador. As diferentes regiões geográficas interferem no colorido do pintor. Na natureza há um ajuste perfeito de luz, cada conjunto de corpos refletem o apuro de suas características ocultas. A cor é uma vocação, uma tendência, inclinação natural que impulsiona o pintor para desempenhar suas habilidades, poder de um tingimento completamente intransferível.

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