Com o objetivo de desvendar o mistério que deixou indígenas vulneráveis e destruiu vastas áreas da Amazônia por séculos, a audiosserie Yawara – Uma História Oculta Sobre o Brasil investiga, ao longo de oito episódios, registros históricos do país desde a ditadura, abordando temas fundamentais como a proteção da floresta Amazônica e de povos originários.
O projeto surgiu da curiosidade de Alice Braga em relação ao Relatório Figueiredo, documento produzido durante a ditadura militar que falava sobre crimes cometidos contra os povos indígenas entre 1966 e 1967. O documento foi produzido por Jader de Figueiredo Correia, por isso o nome, e só foi recuperado em 2012 pela Comissão Nacional da Verdade.
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“Eu já tinha muita curiosidade sobre o que a ditadura militar causou também aos indígenas mas foi saber sobre a existência do relatório de Figueiredo que surgiu o desejo de que mais pessoas soubessem da existência desse relatório e usar ele como a ponta de um iceberg para falar sobre a questão indígena no país”, destacou Alice em coletiva de imprensa.
A atriz conta que conforme o projeto foi andando, ela foi conhecendo ainda mais pessoas, uma delas a professora e ativista pelos direitos indígenas Daiara Tukano, que esteve com ela na coletiva e que também narra a audiossérie.
Para ela casos envolvendo indígenas são sempre difíceis de contar justamente porque existe uma invisibilização sistemática da violência cometida contra os povos indígenas. “É um caso bastante chocante na verdade”, ressalta Daiara.
Ditadura sendo abordada em várias frentes
Durante o encontro com jornalistas, Alice e Daiara traçaram paralelos sobre Yawara e o filme Ainda Estou Aqui, que também aborda sobre o período da ditadura.
Para Alice, um dos objetivos do projeto é jogar luz no que ocorreu no passado para que ele não se repita no presente. “A gente vê a alegria que é ver o Ainda Estou Aqui com 2 milhões de espectadores. Isso é tipo Copa do Mundo, porque a gente tem que celebrar o cinema e, conectando com Yawara, celebrar a nossa história, lembrar para não esquecer”, afirmou.
A conexão entre as produções se une por uma grande coincidência da família de Daiara, em que Eunice Paiva, retratada em Ainda Estou Aqui, conheceu o pai de Daiara enquanto ele e outras lideranças buscavam apoio para ampliar a discussão do que foi proposto para a Assembleia Nacional. Eunice, que trabalhava para a Comissão Pró-Índio foi uma grande aliada na causa.
Além disso, Daiara contou que, no ano em que ela nasceu, em 1982, os cartórios nacionais não aceitavam o registro de nomes indígenas, e Eunice foi responsável pelo registro de nascimento de Daiara. “Os cartórios não aceitavam nomes indígenas, tinha que colocar nome de brancoe e a Eunice fez o favor de assinar um parecer, como advogada, para que o cartório aceitasse o registro do meu nome.”