Depois de um mês e meio sem justiça, o depoimento do motorista e cobrador acusados de agredir o jornalista Arlon Souza, de 45 anos, no dia 16 de julho, está marcado para o dia 19 de setembro. A Polícia Civil afirmou que a demora se deu por conta da demissão dos funcionários, visto que a equipe precisou ir até a casa deles para intimá-los.
Segundo o jornalista, existe um descaso com relação à celeridade da investigação. “Já se passaram 45 dias, acredito que eles pensam que não tem gravidade e por isso pode adiar, mas é grave, eu fui agredido, foi cometido um crime por dois funcionários que prestam um serviço público”, relatou a vítima.
O caso aconteceu na linha Aeroporto/ Praça da Sé no mês de julho. Arlon afirmou que a empresa alega que as câmeras internas de monitoramento do ônibus estavam quebradas, o que impede que a polícia tenha acesso a todas as provas de que ele foi agredido.
“Isso pra mim é muito suspeito, até porque essa informação só chegou até a justiça um mês e meio depois do crime. Eu queria muito que a gente tivesse acesso a essas imagens, que mostrariam exatamente o que aconteceu no veículo, o cobrador confiscando meu telefone depois do motorista não ter parado no meu ponto”, disse o jornalista.
Arlon informou que o depoimento dos homens está marcado para o dia 19 de setembro, às 10h, na 1ª Delegacia de Polícia Civil de Itapuã. Até que a justiça seja feita, no entanto, o jornalista segue com medo do que possa acontecer com ele: “Eu confesso que ainda não me sinto bem em pegar ônibus coletivo, me sinto muito assustado e as memórias do que aconteceu ainda ficam na minha mente”.
A Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) foi procurada, mas informou que a imprensa deveria procurar diretamente a empresa responsável pelo ônibus. O consórcio Integra disse que o assunto só deve ser tratado após o resultado do inquérito policial. Perguntada sobre a demissão dos funcionários ou afastamento temporário até a conclusão da investigação, a empresa detalhou que “a LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados] não permite falar sobre empregados sem autorização deles”.
A Polícia Civil informou que investiga o caso e que os homens foram demitidos da empresa.
Relembre o caso
O passageiro recebeu socos e pontapés de um cobrador e um motorista de ônibus em Salvador. A dupla, que trabalha na OT Trans, chegou a descer do coletivo para agredir o jornalista Arlon Souza, 45, neste sábado (16).
O caso aconteceu na linha Aeroporto / Praça da Sé por volta das 18h. O condutor não parou no ponto de Arlon, que reclamou e pegou o celular para fotografar o número de identificação do ônibus para realizar uma reclamação, o que irritou o cobrador, que chegou a pegar e “confiscar” o aparelho do passageiro por alguns instantes.
Ao recuperar seu celular, Arlon desceu do coletivo e começou a filmar tanto o ônibus quanto o rosto do motorista, que se revoltou e, acompanhado do cobrador, desceu do ônibus cobrindo o rosto e berrando: “então você está procurando problema?”. Neste momento a gravação é encerrada. Assista:
Arlon foi derrubado no chão pela dupla e recebeu um chute nas costas. “Quando avisei que denunciaria o caso à imprensa, ainda fui ameaçado pelo cobrador”, relatou o passageiro.
A vítima sofreu lesões nos cotovelos direito e esquerdo ocorridas no momento em que o jornalista caiu no chão.
“Acrescendo que os dois perceberam a presença de uma ronda da polícia em frente ao ônibus. Mesmo assim, desceram e me agrediram. Acredito que sentindo-se resguardados e com o entendimento da impunidade”, analisou Arlon.