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Após mortes e assaltos, moradores e comerciantes relatam insegurança em ladeira no Pelourinho

Presenciar ou ouvir o corre-corre ocasionado por furtos na Ladeira do Ferrão, no bairro do Pelourinho, no Centro Histórico de Salvador, não é novidade para moradores e comerciantes da região. Só que, desde o fim do ano passado, casos do tipo têm se intensificado. “Aumentou de outubro pra cá. Mas dezembro foi horrível“, contou uma mulher que vive no local há quase 30 anos e, por medo, preferiu preservar sua identidade. 

Nessa terça-feira (3), o diretor-geral do Balé Folclórico da Bahia, Vavá Botelho, relatou ao CORREIO um assalto a um grupo de turistas na Rua Maciel de Baixo — transversal à ladeira —, onde fica o Teatro Miguel Santana, que abriga o Balé. A companhia, aliás, ainda não retomou suas atividades plenamente por falta de fluxo de turistas que se mostre suficiente. 

“A gente estava ensaiando e, quando viu, foi a gritaria aqui. Assaltaram mais de dez turistas de uma vez só. Mais cedo, aconteceu o mesmo problema em outra rua aqui próximo”, afirmou Vavá. “Eu cheguei aqui no início da tarde e não tinha um policial no Centro Histórico”, queixou-se o diretor. 

Na noite anterior, outra ocorrência chamou a atenção de quem vive ou trabalha nas proximidades: dois homens foram mortos na própria ladeira, durante confronto com policiais. Segundo a Polícia Civil (PC), eles tinham sido flagrados na Avenida José Joaquim Seabra, a Baixa dos Sapateiros, com um carro roubado. 

A notícia das mortes foi recebida com surpresa pela moradora que conversou com a reportagem. De acordo com ela, a maior parte dos casos são furtos — quando não há ameaça ou violência contra a vítima —, que não têm hora pra acontecer. “É manhã, tarde, noite: qualquer horário. Você sempre ouve alguém correndo aqui, porque é mais furto [o que acontece]”, disse ela. “Aqui tá demais. A gente sempre ouve muita coisa.” 

Por dar acesso à Baixa dos Sapateiros, a Ladeira do Ferrão serve como rota de fuga para os suspeitos. “Então, eles roubam lá em cima e descem correndo, porque aqui é facilidade pra eles irem sabe Deus aonde”, observou a jovem moradora do bairro da Saúde, a estudante Renata Benigno, de 22 anos, que passa pela ladeira sempre aflita. “Da saída ali do Pelourinho até o meio da Ladeira da Saúde, eu passo com muita pressa e muito medo.” 

Um levantamento das ocorrências na Ladeira do Ferrão foi solicitado à PC, que apenas informou que “o setor responsável pelos dados não possui esse recorte”. Em nova tentativa, a reportagem pediu dados mais amplos, de todo o bairro do Pelourinho, mas não obteve resposta até o fechamento da matéria. 

Comerciantes têm convivido com a insegurança 

Cobrindo férias de uma funcionária na loja Retalhos da Vovó Edith, na Maciel de Baixo, desde o início da semana, Rogéria da Silva, 63, está de volta ao local onde tinha trabalhado durante os quatro anos anteriores à pandemia. Segundo ela, a insegurança nas proximidades da Ladeira do Ferrão nunca tinha chegado ao ponto em que está. 

“Toda hora, tem um turista gritando [que foi furtado ou roubado]. Segunda-feira, a gente estava aqui até 19h e não tinha um policial na Ladeira do Ferrão”, relatou Rogéria. “Antes, a gente ficava aqui muitas vezes até 22h”, relembrou. Hoje, a loja de retalhos não passa das 20h aberta. 

Para ela, o medo de furtos e roubos tem afastado a clientela dos estabelecimentos locais. “Os guias já vêm falando [aos turistas]: ‘Cuidado com o celular’. A pessoa ou olha o celular ou olha as mercadorias”, indignou-se a trabalhadora. 

Embora também se sintam vulneráveis, moradores e comerciantes afirmam que os crimes costumam ser praticados contra pessoas de fora da região, principalmente turistas. “Geralmente eles [os suspeitos] não mexem com os moradores nem com os comerciantes daqui”, disse, em anonimato, um homem que trabalha ali há cerca de 40 anos e costuma manter sua loja aberta até a madrugada. 

Por causa da insegurança, o restaurante Uauá, na mesma rua, funciona para o jantar apenas se houver reservas antecipadas. “Os funcionários, sobretudo os que moram mais afastado e necessitam de transporte público, se encontram em situação mais vulnerável ainda”, admitiu a empresária Maria Loiola, 68. 

Inclusive, na noite em que os dois suspeitos foram mortos na Ladeira do Ferrão, o restaurante recebia um grupo de turistas. “Por mais que você diga pra eles que isso nunca aconteceu aqui, fica difícil acreditar quando você está escutando um tiroteio”, recordou o constrangimento. 

Discutida por comerciantes, segurança privada não é solução, diz especialista 

Apesar de já ter sido levantada, por comerciantes do Pelourinho, a possibilidade de contratar uma empresa de segurança privada, o presidente da Associação do Centro Histórico Empreendedor (Ache), José Iglesias, se diz contrário à adoção da medida. “Eu acho que nós já pagamos muitos impostos. […] Nossa situação [financeira] já não é fácil”, posicionou-se.

Para Iglesias, isso é uma ‘forma de desespero’ e não significaria, necessariamente, uma resolução ao problema. “Dessa questão da contratação de segurança privada, podem chegar outros problemas, como, por exemplo, um segurança que pega um jovem desse e machuca”, explicou o dirigente da Ache. 

De fato, nesse caso, a aquisição desse tipo de serviço não seria a solução, conforme a avaliação do especialista em Segurança Pública Jorge Melo. “O âmbito de atuação dela [da segurança privada] é no limite da propriedade privada. Ela não tem competência para atuar em via pública”, justificou Melo. 

Na visão do especialista, o aumento do efetivo policial contribuiria para a melhoria do atual cenário, mas a questão ‘não é fácil’ e demanda um ‘estudo desse fenômeno’. “Há necessidade de implementar políticas públicas que vejam realmente as pessoas envolvidas nesses pequenos furtos: por que elas estão ali? É por falta de oportunidades?”, indicou ele. 

Procurada pela reportagem, a Polícia Militar informou que “o policiamento no bairro é desempenhado pelo 18º BPM, unidade que emprega, de forma diuturna, policiais e viaturas que realizam patrulhamento preventivo ou mediante acionamento pelo 190 ou 181 (disque-denúncia)”. 

Além disso, a corporação afirmou que o referido batalhão conta com os apoios da Companhia de Emprego Tático Operacional (Ceto) e da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT) Rondesp BTS. 

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