Bahia x Santos é o clássico pioneiro de alcance nacional. O Bahia, representando Salvador, a primeira capital, e o Santos, time da cidade portuária, o maior entre os grandes de São Paulo.
Peço desligar a traiçoeira internet e vamos consultar apenas a velha memória e os papéis velhos habitados por ácaros para honrar este grande encontro, agora reeditado na Copa do Brasil.
Não vale consultar sites e outros trecos. Não sei como vocês confiam nestas coisas nas quais se pode mudar informação com um toque no teclado. Só acredito em impresso e filme antigo. Colé mané internet!
Vamos ver quantas informações confiáveis podemos apurar lembrando os épicos Santos x Bahia. Vale consultar os mais velhos a quem devemos pedir a bença.
Minha primeira lembrança é o golaço de Alencar, entrando com bola e tudo no primeiro jogo da final da I Taça Brasil. Saiu 3×2 para nós na Vila. Salvador se preparou para fazer a maior festa de réveillon na volta. Pelé não deixou.
A final ficou para março de 1960. Lembro do filme do qual participei como memorialista. Bahia minha vida. Vicente, Leo Briglia, Marito… foi massa fazer parte deste momento tricolor no cinema!
Bahia x Santos fizeram umas três finais de Taça Brasil. Corrijam aí. Mas teve uma goleada daquelas. Saiu 9×4 para o Peixe Grande. Outra dessa se não me engano, eu editei, foi 7×4, já neste século.
Ah, sim, claro, no filme de Pelé saiu a torcida vaiando Nildon Birro Doido por ter evitado o gol mil do Rei na Fonte Nova. Ali é colhuda! Nosso zagueiro salvou bem em cima da linha… O tricolor jamais ia vaiar aquele lance histórico!
Do Santos vieram para o Bahia o ídolo Douglas, Léo Oliveira, Picolé, Joel Mendes… No início dos anos 1970, o Santos era tipo uma usina de craques. Ser reserva no Santos era uma honra!
Conheci Biriba e Nadinho, heróis de 1959. Acompanhei com os dois a final de 1988 contra o Inter. Antes, se não me falha, em 1986, teve 3×0, Sandro brocou, teve lançamento de Zanata batendo pontinho, no tempo do Titio…
Lembro não ter conseguido entrevistar Sócrates. Nelson Rodrigues me ensinou a fazer entrevistas imaginárias e de vez em quando eu levo um papo com o doutor. Ele estava no Santos. O Bahia deu 5×1 e pegou moral para o bi de 88.
Quando criança, eu vi duas vezes Vitória x Santos: mudou minha vida pois ali fiz minha escolha originária de só querer saber de futebol e mais nada. Puro encantamento!
O Vitória ganhou os dois, um deu 1×0 e outro, 2×0. Pelé jogou, mas Almiro foi nosso rei. Depois, já grandinho, fui ver a final da Copa do Brasil de 2010. Estava de férias, indo pra Lençóis, e fui muito bem acompanhado ao Barradão.
Caía uma chuvinha fina, vi um pai levando um bebezinho, bem agasalhado, mas já levando o neném pra religião. Ganhamos de 2×1, mas o Santos tinha dado 2×0 no jogo de ida.
Vamos aproveitar bem estes dois jogos e ver se a arbitragem não “róba” porque este jogo contra o Flamengo, eu vou te contar… nem juiz ladrão se faz mais direito! O camarada para ser um bom ladrão tem de saber disfarçar…
Desculpo-me, mas ver o Bahia fardadinho de City, azulzinho claro, não existe! Tricolor, amigo, abre o olho, daqui a pouco eles vão querer comer seu “forevis”, quem é do tempo de Mussum, sabe!
Paulo Leandro é jornalista e professor doutor em Cultura e Sociedade.