De novo o choro dos órfãos da terceira via, desta vez porque a esquerda em São Paulo terá um candidato forte a prefeito da capital, e a direita, à sombra de Bolsonaro, terá outro. A ser assim, se repetiria a polarização política que só faz mal ao país. É o que dizem.
A propósito: a eleição para presidente mais polarizada da história foi a de 2006, Lula (PT) contra Alckmin (PSDB), a 5ª sob a Constituição de 1988. Juntos, no primeiro turno, os dois atraíram 90,25% dos votos. No segundo, Lula venceu com 60% dos votos.
O que impede o surgimento de um outro nome com chances de se eleger em 2026? O que impede que a dita direita liberal e civilizada se una em torno desse nome? Simples: ela não tem sozinha votos suficientes para enfrentar a parada nem mesmo para prefeito de São Paulo.
Em 2018, juntou-se a Bolsonaro para derrotar Lula que, preso, não pôde concorrer e lançou de última hora Fernando Haddad, o mais tucano dos petistas. A Lava Jato estava no seu auge. Era preciso tirar Lula do mapa e enfraquecer ainda mais um PT carente de pai e mãe.
Foi por isso. Não foi porque a direita liberal e de punhos de renda acreditou na fake news do economista Paulo Guedes de que Bolsonaro se convertera ao liberalismo e às leis do mercado. A intenção de vulto que movia Bolsonaro era só uma: destruir a democracia.
Quatro anos depois, dado ao desastre que ajudara a bancar, ela tapou o nariz, brandiu um exemplar da Constituição e votou em Lula. Embora cobrem de Lula e do PT a autocrítica por seus graves erros do passado, na verdade a direita almofadinha jamais fez a dela.
Vocifera desde então sempre que Lula faz algo que a contraria. Ora, o eleito foi ele, e não importa por quantos votos. Se Bolsonaro tivesse vencido, como estaria o país hoje? No mínimo, com 4 ministros bolsonaristas de um total de 11 no Supremo Tribunal Federal.
E no máximo? Com o ministro Alexandre de Moraes preso ou enforcado em praça pública, segundo ele; um Congresso submisso a dizer amém a todas as vontades do ex-capitão travestido de ditador; e uma mídia acuada ou simplesmente conivente.
Chorar não adianta. Tudo passa, passará. Bolsonaro já começou a passar, o extremismo, não. Lula passará, embora possa demorar um pouco. A terceira via, de preferência com outro nome porque com esse não irá a lugar algum, poderá ressurgir com força a partir de 2030.
Mas há que mostrar serviço desde já. E ter paciência. O mundo gira e a lusitana roda. Se o galo não for extinto, ele continuará a cantar ao amanhecer