Uma auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) concluiu que a cidade de São Lourenço da Mata (PE) desperdiçou milhões de reais em equipamentos que nunca foram usados. O objetivo da compra do material era promover a inclusão digital na cidade para a Copa de 2014.
Entre 2014 e 2016, por indicação feita ainda em 2012 pelo então deputado Silvio Costa, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação repassou R$ 7 milhões ao município para financiar a instalação de pontos de acesso de internet e de tele vigilância.
A cidade foi escolhida para o programa de conectividade porque abrigou também a Arena Pernambuco, um dos mais célebres elefantes brancos da Copa de 2014. O dinheiro chegou atrasado, já depois da Copa, mas foi usado para comprar os dispositivos para instalar pontos de internet.
A auditoria da CGU, finalizada na semana passada, mostra que boa parte dos equipamentos ficou parada em salas cheias de mofo em condições impróprias. Outras dezenas de itens comprados foram furtados, segundo boletins de ocorrência feitos em 2019.
Centenas de rádios, switchs, nobreaks e cabos foram encontrados em um imóvel “que aparentemente encontrava-se (sic) fechado há bastante tempo, com muita sujeira no chão e paredes, fezes de morcego, bastante umidade e sem ventilação” (veja fotos abaixo). O serviço público de internet previsto nunca chegou a funcionar.
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Equipamentos abandonados encontrados em São Lourenço da Mata (PE)
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Equipamentos abandonados encontrados em São Lourenço da Mata (PE)
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Equipamentos abandonados encontrados em São Lourenço da Mata (PE)
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Equipamentos abandonados encontrados em São Lourenço da Mata (PE)
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Equipamentos abandonados encontrados em São Lourenço da Mata (PE)
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Equipamentos abandonados encontrados em São Lourenço da Mata (PE)
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Equipamentos abandonados encontrados em São Lourenço da Mata (PE)
O órgão de controle do governo federal recomenda que a prefeitura faça a restituição de R$ 6,2 milhões à União. Foram R$ 5,5 milhões gastos com equipamentos e serviços que nunca foram usados. O restante ficou no caixa da Prefeitura, mas não foram pagos à empresa que ganhou o pregão.
Procurado, o deputado Silvio Costa disse que encaminhou o recurso, mas não acompanhou como o dinheiro foi gasto. “Eu não sei quem fez a licitação, não sei mais nada. A única coisa que eu fiz foi encaminhar o recurso. Eu enviei a emenda para inclusão digital, que era algo muito procurado pelos prefeitos na época”, disse à coluna.
O prefeito da cidade na época dos repasses, Ettore Labanca, morreu. Seu filho, Vinicius Labanca, é o atual prefeito. Ele não foi encontrado para comentar.