A contadora de histórias que fez uma interpretação teatral no Senado durante sessão sobre aborto passou a receber ataques nas redes sociais e privou comentários no Instagram. Nyedja Gennari interpretou um texto dramático fazendo referência à técnica de assistolia fetal, usada na interrupção da gravidez nos casos de aborto previsto em lei, para interromper os batimentos cardíacos do feto, antes da retirada.
Internautas foram até a conta da contadora de histórias após a repercussão do vídeo. “Conte as histórias das meninas violentadas, senhora”, disse uma pessoa. “Um dos vídeos mais constrangedores que o Senado Federal já presenciou”, escreveu outra. Entre críticas, também houve apoio: “Exerceu seu trabalho de forma extraordinária!”, escreveu uma internauta.
Veja a apresentação polêmica:
“Não! Não acredito! Essa injeção, essa agulha! Quero continuar vivo. Vai doer muito. Por Deus, eu imploro!”. A história interpretada com detalhes do procedimento abortivo foi aplaudida pelos conservadores no Senado. “Essa história, embora trágica, dolorosa, é um chamado para reflexão, para que todos compreendam a seriedade e as consequências do aborto.”
O senador Eduardo Girão (Novo-CE), autor do requerimento da sessão, solicitou a participação de representantes do Conselho Federal de Medicina (CFM), Ministério da Saúde e organizações da sociedade civil envolvidas no assunto.
O Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu, no fim de maio deste ano, o julgamento sobre a legalidade da resolução do CFM contra assistolia fetal. O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, derrubou a proibição do Conselho de Medicina.
Eduardo Girão, por sua vez, criticou a decisão do STF. “Não é possível que o ordenamento jurídico brasileiro permita a tortura de pessoas no ventre.”
O procedimento é recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para casos em que o aborto é realizado em idade gestacional acima de 20 semanas.
Confira a transmissão completa:
PL do Aborto A discussão da assistolia fetal no Senado Federal ocorre nas sombras da tramitação do Projeto de Lei (PL) nº 1.904/24, que equipara o aborto acima de 22 semanas ao crime de homicídio, na Câmara dos Deputados.
A proposta é de autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) e outros 32 parlamentares.
Na última semana, a Câmara aprovou na urgência do PL nº 1.904/24, o que garante a tramitação acelerada da proposta, sem a necessidade de debate nas comissões da Casa Legislativa.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que a proposta da Câmara precisa de “cautela” e que jamais será votada diretamente no plenário do Senado Federal.
“Há uma diferença evidente entre matar alguém, alguém que nasce com vida, que é o crime de homicídio, e a morte do feto através do mecanismo, do método de aborto, que também é um crime. Mas são duas coisas diferentes”, afirmou Pacheco.
A matéria é defendida pela bancada evangélica e parlamentares conservadores.