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Conversando com o chat GPT

Dia desses decidi finalmente bater um papo com o GPT. Optei pela versão mais antiga do chat e coloquei em pauta algumas questões sobre literatura e Inteligência Artificial. Não esperava encontrar ali com um Lodovico Settembrini, o lendário pedagogo humanista de A montanha mágica, o volumoso romance de Thomas Mann que me acompanha nesse momento. Mas até que não saí de todo insatisfeita do pequeno embate com a tecnologia do pensamento, que me reservou algumas surpresas.

Por exemplo, um dos aspectos da interação com a IA é a sua aparente humildade. Especialmente com relação a algumas limitações, hoje intransponíveis, sobre a subjetividade. Como responde o próprio chat, “embora as máquinas sejam capazes de produzir textos, ainda há uma grande diferença entre as criações humanas e as produzidas por inteligência artificial. Isso porque a criação literária envolve muito mais do que apenas combinar palavras e frases para produzir um texto coerente”.

Nada que não possa ser resolvido em um futuro próximo, logicamente. E, nesse sentido, o GPT acrescenta: “para lidar com esses desafios, os pesquisadores estão trabalhando em técnicas para tornar a IA mais capaz de lidar com a subjetividade. Por exemplo, estão sendo desenvolvidos algoritmos de aprendizado de máquina que possam levar em consideração fatores culturais e contextuais, bem como técnicas de interpretação de linguagem natural que possam entender o significado subjacente de um texto”.

Se o assunto são textos poéticos, prossegue o impasse: “a poesia é uma forma de arte que envolve a criatividade humana e a expressão emocional”. Nada impede, no entanto que se possa “gerar poemas com base em algoritmos e modelos de linguagem treinados em grandes conjuntos de dados de poemas existentes. Esses modelos podem ser usados para criar poemas que imitam o estilo e a estrutura de poetas específicos ou para criar poemas que seguem determinados padrões métricos ou estilísticos”.

E, claro, não se pode esquecer que obras literárias já foram produzidas inteiramente por algoritmos de inteligência artificial, embora, de acordo com o chat, ”esses textos possam apresentar uma estrutura coerente e uma gramática correta, muitas vezes são criticados por não possuírem a sensibilidade e a criatividade de um autor humano”. Tremei, gênios da raça! Também há outra característica muito humana que deu para notar em meu breve diálogo com a IA. O GPT mente descaradamente.

Diante da impossibilidade de reunir dados suficientes e verídicos em relação a algo ou a alguém, vai lá e inventa. Imaginem que atribuiu a esta humilde cronista a autoria de Ó, Paí, Ó, texto de criação coletiva do Bando de Teatro Olodum, como todos sabem. E, mais, ainda afirmou mentirosamente que o roteiro da série global, baseada na peça de teatro, também foi escrito por mim. Não tenho qualquer relação criativa ou de outra natureza com essa obra artística, fique claro. Perigosamente cômico.

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