Países discordam sobre estratégias que devem ser adotadas para acabar com a dependência mundial de petróleo, gás e carvão; Arábia Saudita repudiou acordo que incluia a eliminação progressiva das commodities
Giuseppe CACACE / AFP
País sede da COP 28, Arábia Saudita é o maior produtor mundial de petróleo
O relatório definitivo da COP28 já começou a ser elaborado deve ser publicado na próxima terça-feira, 12. Contudo, autoridades internacionais têm divergido em relação às estratégias que devem ser adotadas para acabar com a dependência de combustíveis fósseis. O ministro da Energia da Arábia Saudita, Abdulaziz bin Salman, disse nesta terça-feira, 5, repudiar um provável acordo que incluia a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis. A posição dos sauditas indica que serão duras as negociações para a resolução final da cúpula do clima. Um primeiro rascunho do acordo inclui a possibilidade de uma redução ou eliminação gradual de petróleo, gás e carvão.
A 28ª conferência sobre a mudança climática, que tem a presidência dos Emirados Árabes Unidos, termina oficialmente em 12 de dezembro. Na data, dever ser publicado o documento que vai trazer as decisões da reunião. A principal meta é elevar a ambição coletiva para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, com novos prazos, compromissos mais rigorosos e valores de financiamento o mais concretos possíveis. Entretanto, o ministro saudita da Energia manifestou estar em desacordo com o discurso contra os combustíveis fósseis. A Arábia Saudita é o maior exportador mundial de petróleo. Cerca de 200 países devem chegar a uma decisão consensual na reunião de Dubai.
Um rascunho de 24 páginas divulgado nesta terça-feira, 5, pela ONU apresenta basicamente três opções sobre os combustíveis fósseis. A primeira seria pedir uma “saída ordenada e justa dos combustíveis fósseis”, sem mencionar uma data. Outra opção seria pedir a “aceleração dos esforços para abandonar os combustíveis fósseis até meados do século”. A terceira possibilidade é ainda mais aberta: “sem texto”, ou seja, deixar totalmente de lado a realidade incômoda de que o mundo é dependente, atualmente, dos combustíveis de origem fóssil para produzir, consumir e fazer seus deslocamentos, e não pode eliminá-los ainda. A COP deste ano é especialmente importante pelo fato do mundo ter registrado seu ano mais quente da história. O secretário-geral da ONU, António Guterres, chegou a pedir na semana passada que o mundo pare de consumir por completo os combustíveis fósseis para evitar uma catástrofe.
*Com informações do repórter Marcelo Favalli